segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Discussão de dúvidas

Na caixa de comentários podem colocar dúvidas que vos ocorram acerca dos vossos trabalhos para 3 de Dezembro, copiando para os colegas a expressão que vos cause problemas, e fornecendo as informações que julguem necessárias sobre o seu contexto. Sirvam-se.

domingo, 15 de novembro de 2009

Ainda Edward Lear


A tese da professora Conceição Pereira encontra-se disponivel online. Basta fazer clique. A partir da página 123, enunciam-se as formas e fórmulas do limerick, cujo (re)conhecimento, como frisámos em aula, é importante para tomar opções de estratégias de tradução. Será que, por exemplo, o limerick continua a ter traços distintivos suficientes se optarmos por omitir ou "neutralizar" os topónimos (nomes de lugares)?

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Proposta do Bernardo para tradução dos limericks de Edward Lear

(e pela vossa saudinha apareçam amanhã no colóquio Welty)


Traduções dos poemas disparatados de Edward Lear

Havia um velho que apanhou um susto,
Quando viu uma jovem ave num arbusto;
Quando lhe perguntaram pela sua grandeza,
Respondeu: “ Não tenho a certeza.
Talvez quatro vezes o tamanho do arbusto”.

Havia uma donzela cujo queixo
Se assemelhava a um seixo;
Por isso mandou-o afiar e
Uma harpa mandou comprar,
Pasando a tocar melodias com o seu queixo.

Havia uma donzela de Tira,
Que varria sonoros acordes de uma lira;
Ao som de cada vassourada,
Toda ela ficava encantada,
E encantava a cidade de Tira.

Havia um velho homem de Travo,
Que nunca tinha mais que um centavo;
Gastava sempre tudo o que tinha,
Fosse na mesa ou na vinha,
Aquele desmedido Velho de Travo.


Havia um velho com barba brava,
Que montava a cavalo quando este empinava;
Até lhe diziam: “Não sei do que gostas?!
Cais sempre de costas!”.
Assim se quedou o velho da barba brava.

Havia uma donzela de um certo ponto,
Que louvava o mundo como num conto;
Sempre tocava a harpa,
E pescava muita carpa.
Era o que fazia a mulher dum certo ponto.

Havia uma donzela Portuguesa,
Cujas ideias eram sem clareza;
De tanto olhar as águas,
Sofria de chorosas mágoas.
Assim era a donzela Portuguesa.

Havia um velho do Oriente,
Que para o seu animal era inconsciente;
Medidas de tal dimensão,
Que não havia igual na região
Assim era o animal do Oriente.


terça-feira, 10 de novembro de 2009

Conto "Where is the Voice Coming From"? de Eudora Welty, em debate



O conto que vai ser ponto de partida para o debate com os escritores Hélia Correia, José Mário Silva e Luísa Costa Gomes, "Where is the Voice Coming From?", na Quinta-feira às 14h30 na sala 5.2., encontra-se na reprografia verde, caso o queiram ler.
Seria muito gratificante uma assistência vossa em massa a esse debate. A seguir, há um contador de histórias. No dia anterior, Quarta-feira, pelas 17h00, há dois contadores + o filme "Ponder Heart", com base no romance do mesmo nome de Eudora Welty. Também na sala 5.2.
O programa todo pode ser consultado se seguirem o link de Post-Racial America aqui ou na barra lateral do blog.

Debate Literatura Infantil e Identidade Racial


Hoje, Terça-Feira, 10 de Novembro
sala 5.2
com Elsa Maurício Childs, Elsa Serra, Paulo Pires do Vale e Rute Beirante

domingo, 8 de novembro de 2009

Tradução de "limericks" de Edward Lear (por Angélique Fernandes)

mais um esforço para comentar. São igualmente bem-vindas as propostas de alternativas.

  Havia um velho que disse: - Quietos!
Distinguo um jovem pássaro nos arbustos!
Quando disseram: - É pequeno?
Ele respondeu: - Nem por isso!
É quatro vezes o tamanho dos arbustos!
 
Havia uma jovem dama de Tyre,
Varria as ruidosas cordas de uma lira;
Ao som de cada varredela,
Extasiava a vastidão profunda,
E encantava a cidade de Tyre.
 
Havia uma dama cujo queixo
[Se] Assemelhava-se à ponta d’um seixo;
Mandou-o afiar,
Comprou uma harpa,
E tocou várias melodias com o queixo.
 
Havia um velho de Kilkenny,
Que não tinha mais que um centavo;
Gastou-o então, em cebolas e melão,
Aquele caprichoso velho de Kilkenny.
  
Havia um velho de barba,
Sentou-se num cavalo que empinava;
Alguém disse: - Não se rale!
Não vai cair mal,
Seu propício velho de barba!
 
Havia uma dama em Portugal,
Tinha uma excessiva mania naval;
Subia às árvores  p’ra ver cada dia
O estado do mar ,
Mas dizia, que nunca iria deixar Portugal.
 
Havia uma dama de Welling,
Cujos louvores toda a terra cantava;
Tocava a harpa,
E por vezes apanhava uma carpa,
Aquela dotada dama de Welling.
 
Havia um velho de Kamschatka,
Que tinha um rafeiro notávelmente gordo;
O seu andar e bambolear,
Eram exemplares,
P’ra todos os rafeiros gordos de Kamschatka.
 
Comentário:
Estes poemas nonsense, de Edward Lear, foram um pouco complicados de traduzir. Mas acho que poesia é sempre bastante dificil de traduzir, pelo menos sem se perder muito da sua beleza original. Decidi manter os nomes originais (exemplo: Tyre) na língua de partida, e também tentei manter a estrutura do limerick, mas acho que não foi muito bem conseguido da minha parte. Tive dificuldades na tradução de várias expressões ou palavras, os mais problemáticos sendo: no primeiro verso, do primeiro poema, a palavra “hush!”;  depois no segundo poema, o verso “she enraptured the deep” foi bastante dificil; no quinto poema (da página 32) tive várias dificuldades em traduzir “Never mind! You will fall off behind” - a minha escolha de tradução foi mais virada no sentido de manter a estrutura da rima; depois, por fim, o poema da “dama de Portugal” foi traduzido com a ajuda de uma tradução já realizada por Vera Pinto e Luis Manuel Gaspar; alterei algumas coisas com a intenção de esta manter o ‘tom’ das minhas outras traducões dos poemas de Edward Lear.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Plataformas de Tradução Colaborativa Abertas à Comunidade

transcrevo aqui a proposta que redigi, conjuntamente com Jeff Childs, para discussão e início de um projecto alargado de utilização da internet para facilitação do ensino da tradução literária, e para a qual toda a turma está desde já a contribuir pela sua participação neste blog e auxílio à construção da base de dados do site da disciplina. Obrigada a tod@s. Sugestões, apreciações e comentários são bem-vindos.

Literary translation has often been regarded as constituting a domain of multivalent human creativity, a bastion of humanistic learning, besieged in our technological era by computer-assisted translation, automatic translators and information technologies in general. At the same time, the idea of training human beings to perform such tasks – that is, of actually contributing to the enhancement of practical expertise in matters of literary translation – tends to be met with some scepticism, even among some translation studies scholars, who have rather turned away from the process of translating literature to the description and sociological analysis of its end results.

Literary translation, it is argued, entails something like the private exchange of personal idioms, and should be left in the hands of competent craftsmen and craftswomen open to just such a private calling. Though this picture may describe some of the transactions that occur under the heading of literary translation, it by no means applies to all, or even most, of these. More frequently, we encounter literary translators working within identifiable institutional contexts, collaborating with editors and perhaps even other translators, and often specializing in specific literary genres or sub-genres. Nor is there any reason why computer-assisted translation tools, such as concordances, terminology databases or translation memory managers should be left out of the teaching of literary translation, if at least most translation course curricula grant that such teaching is indeed desirable. Moreover, if we assume that literary translation is one of the most complex problem-solving human activities, it seems that pedagogical approaches would benefit not only from the availability of wide and differentiated databases, but also from the collective engagement of groups in assessing the relevance of such output for their own translation tasks, the results of which could then be extended to larger audiences via on‑line platforms and discussion forums.

It is with this specific context in mind that we propose to analyze three distinct initiatives, each collaborative in nature and each making use of information technologies to further their aims: a classroom blog for the study of literary translation, a database of literary translation problems involving exchanges between English and Portuguese, and an on-line poetry translation workshop. Two aims that cut across all three of these initiatives are the assessment of the possibilities for collaborative translation – the extent to which the process of translation can be shared and transmitted horizontally – and the discovery of ways for extending and sharing outcomes both inter‑institutionally and beyond an academic context. In examining these initiatives, we will attempt to lay out their strengths and weaknesses, considered in terms of the work they have produced to date and in light of their exploration of the informational technologies available to them. Ultimately, the goal of such a critical examination will be to assess the possibilities for a more ambitious effort at project building in translation and editing, through a collaborative online platform with participants from different institutions and courses of literary translation training and eventually reaching out to all those interested in the web community.


Keywords: collaborative translation, literary translation, IT, translator training, project-building

domingo, 1 de novembro de 2009

Correspondência com Velma Pollard

com autorização de Velma Pollard, reproduzo aqui o último mail que enviou, após discussão sobre as alternativas de se traduzir o seu texto com um crioulo "ficcionalizado" e mantendo referências à localização e cultura jamaicanas (nomes de ruas e personagens, marcas, etc.), ou com um crioulo mais acentuado de Cabo Verde e respectiva translocalização, transferindo para lá a acção. No mail, resolve-se ainda um malentendido, uma vez que de início Velma Pollard entendeu que "crioulo ficcionalizado" não seria uma atenuação do crioulo mas uma língua completamente inventada e que isso iria contra a sua necessidade de afirmação de diferença linguística étnica. Porém, tudo acabou em bem, e julgo que saímos todos mais enriquecidos, demonstrando que vale a pena o diálogo entre tradutores e autores vivos.

I have to admit to having been a little peeved at the notion of an invented Creole.  Cross cultural communication is always tricky and a language difference exacerbates it.  I certainly got a different idea of what your students had done. Thanks for the clarification

With regard to the options you suggest I favour the first one for the reasons you already appreciate: like retaining the Caribbean flavour. I would definitely want the characters, streets etc. to retain their names.

About the name Altamont Jones. It is a commonplace kind of name here. One of the differences between colonisation on the African continent and colonisation in the Caribbean and the Americas certainly by the British is that we were routinely given English type names. My friend and colleague from Ghana which had been colonised by England just as Jamaica was, is Ama Ata Aidoo while I  was born Velma Earle Brodber ( Pollard is a name by marriage). This difference really came home to me earlier this year when I taught a group of university students visiting here from the USA. It was a very mixed group in terms of origins. The blacks from America had names like mine while those from Africa had African names. Those from India, China, Japan had names from their own cultures.  So you will always find West Indians with names like mine and one like Altamont Jones is perfectly normal. By the way I have always known “ Altamont” (sometimes Altimon) as a person name and never heard it as a place name. It really depends on what one has read.  The ironic twist, if any, is that such a man, one with quite formal name, a name that could belong to anybody at any level of the society could be subjected to such treatment. I mean the indignity of the suitcase at the gate.

I am very humbled by this whole conversation which needn’t have gone on at all. Most people translate other people’s writing with no comment from the author. In fact most times the author is already dead. I have friends whose area is French Literature and they translate to English, texts written partly in one or other of the French Creoles of the Caribbean so I am very aware of the problems across languages. I have also had a few encounters with the process involving my own stories.

This kind of thing will happen more and more as literatures written in english ( small “e” as explained in  The Empire Writes Back) become part of  the experience of people from other languages. Indeed even within the English speaking world some of our Creole writing is problematic.

This letter has been long too but I hope I have answered everything

Best wishes to you and to your students. Please explain to them how our different meanings to words caused the misunderstanding.

Sincerely


VelmaP