segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

amanhã às 12h20 o mais tardar

começa a aula. Chegarei um pouco mais tarde porque antes Alice Vale de Gato actua em festa de Natal no Teatro Villaret.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Desbinarizar o pensamento sobre tradução - J. Ferreira Duarte (por Ana Cristina, adaptado)

João Ferreira Duarte procura outras maneiras de pensar a tradução além da oposição binária entre original e tradução, geralmente pressupondo uma hierarquia do original sobre tradução

O discurso de tradução pode libertar-se de uma perspectiva meramente contrastiva a nível linguístico ou textual entre texto de partida e de chegada. Temos outras ferramentas para o conhecimento, outros métodos para meditar a tradução. Alguns objectos de estudo empírico, aliás, desdizem essa dualidade, como sejam:

a) tradução indirecta, ou a tradução feita a partir de uma língua intermédia. É bastante conhecida na cultura portuguesa. Mas assim, surge a pergunta, qual vai ser o texto que funcionará como o de partida? Podemos ponderar a possibilidade de uma tradução ser o original de uma segunda tradução?

b) não-tradução (estuda-se a ausência de tradução e/ou presença exclusiva de textos de língua de chegada): porque certos textos foram impedidos de serem traduzidos num certo espaço-tempo? Por questões políticas, económicas, de normas, e outros, na cultura de chegada.

c) pseudotradução. Textos cujo autor defendia ser uma tradução e a comunidade aceitava. Ou seja, “traduções sem originais”.



A associação do pensamento sobre tradução a determinados quadros conceptuais ou a tipos discursivos complexos que integram transferência linguístico-culturais veio também problematizar e acrescentar novos factores à relação entre partida e chegada em tadução:

A) desconstrucionismo. Jacques Derrida defende que o original e a tradução podem trocar as suas posições devido à dupla relação que as une. Baseia-se no ensaio “A Tarefa do Tradutor” de Walter Benjamin para atribuir à categoria “original” uma relação de dependência irónica com a tradução, definida por traducibilidade. Isto faz com que a tradução defina um original. E em segundo lugar, a tradução provém do original mas não da sua vida já que a tradução vai dar continuação-de-vida às grandes obras literárias. Resumindo tudo isto, a tradução surge como chave da origem do original; caso contrário, este não existiria devido à presença de muitas falhas para a sua continuação.

B) transculturação e hibridização, fenómeno que encontramos na produção quer textual quer cultural de povos colonizados, actualmente considerados sob a lente do pós-colonialismo. Descobrimos alguém do povo colonizado a utilizar a língua e as representações do colonizador com o objectivo de elevar a sua identidade própria, a par com a vontade de preservação de aspectos da sua tradição e a sua defesa pela permanência da ‘diferença’. Assim, nascem textos híbridos, negociações interculturais, mestiçagens linguísticas, representações entre as duas culturas. Nestes textos duplos, o bilinguismo do autor desafia o monolinguismo (a sua língua e a língua dos colonizadores) e temos o confronto entre a cultura dominante, escrita, e o idioma do escritor que se inspira no contador oral. Tudo isto põe em causa a noção de original e tradução, já que a leitura baseia-se na tradução (ex. termos e expressões cujos significados não são acessíveis ao público monolingue). Trata-se de um fenómeno semelhante ao verificado em textos de diáspora, por autores que vivem na experiência de deslocação entre nações, embora neste caso as relações de poder entre língua produtora de cultura e língua ou cultura de ascendência possam ser diversas.

C) inter-ligações entre etnologia e os estudos de tradução como um auxílio para a desbinarização da tradução. Georges Mounin defende que “ o conteúdo semântico de uma língua é a etnografia da comunidade de falantes dessa língua. O tradutor e o etnógrafo são intérpretes de outras culturas que não a sua. A nível textual, a presença da voz do tradutor no texto de chegada e os registos autobiográficos e figurativo na escrita do etnógrafo ganham uma nova legitimidade e legibilidade. A tradução e a etnologia representam outras culturas. Ambas as áreas têm acusações negativas: “pode ser visto como um acto de opressão política”(Michaela Wolf) para a etnografia, “violência etnocêntrica”(Lawrence Venuti) para a tradução. Temos o conceito de tradução cultural onde concluímos que se uma representação escrita de uma cultura for vista como uma tradução, a tradução é a representação de uma cultura. Para terminar, também existem distinções entre estas duas áreas, mas é reflectindo sobre essa distinção que melhor se coloca em causa a centralidade do original na relação com a tradução. O etnógrafo não chega a ter original, mas o tradutor, ou a comunidade que fomenta traduções pode arrogar-se também uma precedência de legitimação sobre os textos que traduz, adaptando-os aos seus valores e normas.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Poema de Jeff Childs, "Herbarium" (para aula de 6 de Dezembro)

a proposta das colegas Isabel e Margarida já está na plataforma. Leiam e comentem.

Herbarium






 And the scent of orange blossoms wafting above these cobblestones darkened with spit and excrement
And the linden trees with their hushed vowels of heartbreak
And the weeping jacaranda at your window that comes alive overnight and leaves you speechless for a month, until its petals lay limp and faded at your feet
And the barren maple on your terrace that tells you you can never take root here, and the fiery rise of its three-fingered leaves
And the fig tree heavy with fruit ripe for the tasting and the knowledge of desire, and desire’s shoots, drawn out over thousands of years
And the cork trees stripped and numbered and standing alone in their own shadows
And the creeping vines that bury the slaked lime walls of the centuries in their green
And the slender leaves and pale blue flowers of rosemary that lie trampled every Easter on the granite steps of the church
And the cherry blossoms’ perfection of white
And all of these alive in you, and you in them, and a moment in the great spinning of the heavens when the difference vanishes

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Atraso aula de amanhã, 2 de Dez

Uma vez que estou envolvida num outro colóquio, sobre influência de Fernando Pessoa na poesia portuguesa, a aula de amanhã começará um pouco mais tarde, pois estarei a ouvir a poeta Golgona Anghel sobre Mário de Cesariny e Pessoa. Convido quem quiser a espreitar também, e a consultar a programação do colóquio: http://www.fl.ul.pt/agenda/coloquios.html
No entanto, a aula nunca começará depois das 12h30. Agradecia que passassem palavra.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Tradução de Robert Christiano, "Why I Sang at Dinner" (por Daniela e Raquel)

Já está na plataforma a tradução do poema que analisaremos na Sexta-feira. Entretanto, deixo aqui o link para a revista onde esse poema foi publicado pela primeira vez, um número especial de Prairie Schooner dedicado a poetas portugueses e luso-americanos. A foto é da capa. Sabe-se lá porque escolheram caracteres chineses...