segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Revisões da Matéria Dada

Passa muito depressa, mas podem fazer pausa nos vários frames, acho eu. Bom estudo

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Tradução da prof de "One Art"

(aceitam-se também críticas, sugestões, comentários)



















A arte de perder não custa dominar;
há tantas coisas que parecem decididas
a perder-se, que o mundo não pode acabar.


Perder quotidianamente. Há que aceitar
a falta das chaves, a hora consumida.
A arte de perder não custa dominar.


Depois treina-te a perder mais e sem parar:
nomes, e sítios, onde tinhas prometido
que ias; nem por isso há-de o mundo acabar.


Perdi o relógio da minha mãe, e – azar! –
a última, ou quase, das minhas casas queridas.
A arte de perder não custa dominar.


Perdi duas cidades, lindas, e, para somar,
duas terras, dois rios, e tantas despedidas
de coisas que faltam mas não causam pesar.


– Até perder-te a ti (a voz de troça, a xingar
que eu amo) não estou a enganar. É sabido
que a arte de perder não custa dominar,
embora pareça (escreva-se!) o mundo a acabar.

Comentário de Sandra F às traduções disponíveis do poema de E. Bishop, "One Art", disponíveis online

(links para as traduções aparecem da primeira vez que os tradutores são mencionados)


Embora americana, Elizabeth Bishop é uma escritora de grande importância no Brasil devido aos  vinte anos que lá viveu e à influência da cultura brasileira em muitos dos seus poemas, contos e cartas. Sendo assim, não será própriamente surpreendente que as traduções do poema “One Art” disponíveis na língua portugesa sejam provenientes de tradutores brasileiros.

As três propostas disponíveis na internet (Horácio Costa, Paulo Henriques Britto, Nelson Ascher),e também publicadas, são todas elas feitas em português do Brasil, embora a de Paulo Henriques Britto seja de longe a mais conhecida e considerada por muitos como a mais coerente entre todas.
É também, na minha opinião, a que mais apresenta um portugês brasileiro com o uso da palavra “mamãe”, “pouquinho” e o “você”. Denota-se  por parte de Paulo Britto e de Nelson Ascher uma preocupação por manter a rima  do texto de partida enquanto que Horácio Costa aparenta evidenciar o aspecto rítmico do mesmo.

Parece-me importante realçar o que os três tradutores retiraram da expressão “hard to master”.
Sendo uma das expressões chave do poema de Bishop, não é motivo de admiração que cada tradutor tenha optado por um ideal diferente que influencia inclusivamente todo o poema.
Horácio Costa olhou para a expressão como “não tarda  aprender”, o que nos faz olhar para o sentimento de perda como algo inevitável e para todo o resto do poema como se este fosse uma espécie de bloco de notas com pequenos passos de preparação para essa realidade.

Contráriamente a esta proposta, Paulo Britto remete-nos para a ideia de que “a arte de perder não é nenhum mistério”.Tudo o que demais se lê no poema são acontecimentos que reforçam a ideia de que já conhecemos esse sentimento, tornando o poema um pouco mais intimista, a meu ver.
Nelson Ashcer traduziu como “é facil de estudar” numa primeira fase, mudando ao longo do poema como se este realmente fosse um acto de aprendizagem contínua para a qual o poema nos remete.

Outro aspecto no qual os três tradutores divergem encontra-se nos primeiros dois versos da quarta quadra. Paulo Britto é o único a usar uma exclamação – “AH!” - e muda um pouco o sentido da frase do texto original ao escolher introduzir a ideia de lembrança das coisas que o sujeito poético perdeu, de forma a articulá-la com a ideia de que o acto de perder não é nenhum mistério.

Os outros dois tradutores escolheram traduzir sem exclamações, mantendo a frase fluida embora Nelson Ascher traduza “houses” como lar e “isn't hard to master” como “é fácil de apurar”, de maneira a corroborar a ideia de domínio do acto de perder, como anteriormente foi referido.

Como é fácil concluir desta pequena análise e comparação, embora sejam todos tradutores provenientes do mesmo país e traduzam para a mesma língua,  as escolhas são bastante diferentes tanto em termos de vocabulário usado como em escolhas de tradução e relevância:
Horácio Costa utiliza uma linguagem mais cuidada, dá mais importância ao ritmo mantendo as rimas e as frases curtas enquanto tenta dar a ideia da perda como um sentimento inevitável;
Paulo Britto pretende dar mais ênfase ao ideal do poema e descura na ideia de rima e diverge mesmo em algum vocabulário de forma a torná-lo mais intimista;
Nelson Ascher mantém tanto a rima como a linguagem cuidada mas enfatiza bastante o acto de perder como algo que se domina com o tempo.
Três opções que tentam retratar, cada uma com a sua perspectiva da noção e do acto de perda, o ideal escrito por Elizabeth Bishop.

Tradução de poema de Adrienne Rich por Sandra Ferreira

Este poema está na p. 114 da antologia, e é um diálogo de Adrienne Rich com o poema de Elizabeth Bishop que se encontra na página seguinte. Aqui, têm uma versão vídeo de um trabalho escolar



É verdade, nestes últimos anos tenho vivido
a rever-me no acto de perda – a arte de perder,
chamou-lhe Elizabeth Bishop, mas para mim não há arte
apenas cerimónias mal sucedidas
actos do coração forçados a questionar
os seus efeitos neste mundo       os seus meros estimulos
actos do coração forçados a comparar
todos os seus instintos com a dor
actos de partir    tentar largar
sem desistir   sim Elizabeth     uma cidade aqui
uma aldeia ali   uma irmã, companheira, gata
e mais    não há arte nenhuma nisto apenas raiva

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Tradução de "Edges" de Adrienne Rich (por Joana G e Vanda S)

A Joana e a Vanda traduziram o poema da poetisa norte-americana Adrienne Rich que está na página 112 da antologia. Mais abaixo, articulam a sua reflexão sobre tradução de poesia com um comentário ao texto sobre este tópico de Joan Base-Boer, na p. 232.




Gumes

No sono agitado do amanhecer, no sonho insonhável
o pica-peixe trespassa       (                            )
ondas de fogo flamejam das suas asas             (                            )
mais azul que o violeta do gume
o corte daquelas asas
  
5 da manhã, primeiro raio de luz, vagabundos do passado
inclinam-se sobre a janela, que vagões
passaram aqui
que eu pensei ter deixado para trás?
as suas mãos estão estendidas mas não para pão
são caridades passadas, querem que oiça
os seus nomes

Lá fora no mundo onde tanto é possível
o nascer do sol reacende e o pica-peixe –
o verdadeiro pica-peixe, não aquela miragem –
dardeja onde a enseada arrasta a sua humidade sobre cepo e pedra
onde o carvalho venenoso ruboriza
colhem vagens de acácia
recurvadas e dissimuladas contra o septo

e os fantasmas do primeiro raio de luz tornam-se transparentes
enquanto os sem abrigo alinham-se pelo pão

           
            
            No processo de tradução de poesia, o tradutor enfrenta alguns problemas, como referidos no texto de Boase-Beier “Poetry”, e o facto de haver várias teorias sobre este mesmo processo, como a de Sayers Peden, que afirma que se deve “desmontar” o poema original para se “construir” a tradução, ou de Díaz-Diocaretz que distingue o processo de ler da produção de um novo poema.
            A tradução de “Edges” de Adrienne Rich foi conseguida com algumas dificuldades, visto que o texto de partida é um poema, e as traduções de poemas enfrentam grandes problemas. O facto de vários teóricos afirmarem que há várias maneiras de traduzir poesia, cingindo-se ou mais ou menos ao texto de partida, causou e causa grande polémica. Surgem também questões em torno do poema traduzido, se resulta bem como poema ou se deve ser transformado em prosa para evitar as dificuldades da tradução, visto que a prosa é mais fácil de recriar, embora não ofereça tantas alternativas criativas à tradução como a poesia.
            A grande questão acerca da tradução de poesia é se esta pode ser traduzida ou não, claro que há grandes obras poéticas traduzidas, mas aqui a dificuldade reside na escolha do leitor de ler a tradução do poema como tradução ou como poema original, que parte de várias teorias como a de que a obra traduzida deve ser vista como poesia,  ou a de que, devido à sua ambiguidade e dificuldade, a poesia necessita de atender à relação intrínseca entre forma e significado.

Gostaríamos de recordar que etimologicamente a palavra tradução deriva do latim traducere, que significa "fazer passar alguma coisa" - um verbo de movimento, portanto. O verbo seduzir deriva do latim seducere que significa atracção de um lugar (ou pessoa) para outro (ou outra). No campo semântico dos verbos oriundos de "ducere" ocorre um movimento, uma atracção – uma sedução que tem sido transposta ao longo dos séculos como o acto de traduzir, de seduzir o outro, utilizando as mais variadas ferramentas.  

            “A língua (literária) portuguesa tem, obviamente, o seu rosto próprio, no próprio rosto da sua melhor poesia. É nesta zona do que mais intrinsecamente próprio existe em cada língua que, ao traduzir poesia, se depara com o limite da intraduzibilidade, e se entra no espaço do silêncio”.

                                                                                                            João Barrento

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Frases polémicas para comentar

dos vossos comentários ao excerto de Theo Hermans, isolei algumas frases polémicas para discutirmos em aula e para re-comentarem, debaterem e contra-argumentarem, se quiserem, aqui.

"Creio que devemos ser fiéis ao original e traduzir segundo o espírito do mesmo." (Paulo Martins)

"Creio que o melhor para um tradutor é ser fiel à língua de chegada, tendo sempre em conta o ritmo do original" (Jorge S - comparar com pensamento de Fernando Pessoa, aqui)

"cabe a cada tradutor seguir o que julga ser melhor para o texto em si, o que, na minha opinisão, será manter-se fiel ao texto de partida q. b., já que o leitor é a razão para a tradução, e. se este não se sentir chegado ao texto e sentir estranheza, não obtemos uma boa tradução." (Filipa F)

"Se, por um lado, o tradutor pode e deve adequar certas partes do texto de partida (como os locais, marcas, qualquer tipo de piadas ou situações que, quando traduzidas à letra, não funcionem) para que melhor se enquadrem na sua tradução, facilitando a leitura e compreensão do leitor, por outro lado, essa persença e alteração devem ser pouco notadas, para que não se "fuja" ao tema original" (Filipe M)

"a opção entre uma tradução domesticante ou estranhante deve resultar de uma negociação entre tradutor, cliente e público-alvo" (Carina C)

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Discussão de dúvidas

Na caixa de comentários podem colocar dúvidas que vos ocorram acerca dos vossos trabalhos para 3 de Dezembro, copiando para os colegas a expressão que vos cause problemas, e fornecendo as informações que julguem necessárias sobre o seu contexto. Sirvam-se.

domingo, 15 de novembro de 2009

Ainda Edward Lear


A tese da professora Conceição Pereira encontra-se disponivel online. Basta fazer clique. A partir da página 123, enunciam-se as formas e fórmulas do limerick, cujo (re)conhecimento, como frisámos em aula, é importante para tomar opções de estratégias de tradução. Será que, por exemplo, o limerick continua a ter traços distintivos suficientes se optarmos por omitir ou "neutralizar" os topónimos (nomes de lugares)?

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Proposta do Bernardo para tradução dos limericks de Edward Lear

(e pela vossa saudinha apareçam amanhã no colóquio Welty)


Traduções dos poemas disparatados de Edward Lear

Havia um velho que apanhou um susto,
Quando viu uma jovem ave num arbusto;
Quando lhe perguntaram pela sua grandeza,
Respondeu: “ Não tenho a certeza.
Talvez quatro vezes o tamanho do arbusto”.

Havia uma donzela cujo queixo
Se assemelhava a um seixo;
Por isso mandou-o afiar e
Uma harpa mandou comprar,
Pasando a tocar melodias com o seu queixo.

Havia uma donzela de Tira,
Que varria sonoros acordes de uma lira;
Ao som de cada vassourada,
Toda ela ficava encantada,
E encantava a cidade de Tira.

Havia um velho homem de Travo,
Que nunca tinha mais que um centavo;
Gastava sempre tudo o que tinha,
Fosse na mesa ou na vinha,
Aquele desmedido Velho de Travo.


Havia um velho com barba brava,
Que montava a cavalo quando este empinava;
Até lhe diziam: “Não sei do que gostas?!
Cais sempre de costas!”.
Assim se quedou o velho da barba brava.

Havia uma donzela de um certo ponto,
Que louvava o mundo como num conto;
Sempre tocava a harpa,
E pescava muita carpa.
Era o que fazia a mulher dum certo ponto.

Havia uma donzela Portuguesa,
Cujas ideias eram sem clareza;
De tanto olhar as águas,
Sofria de chorosas mágoas.
Assim era a donzela Portuguesa.

Havia um velho do Oriente,
Que para o seu animal era inconsciente;
Medidas de tal dimensão,
Que não havia igual na região
Assim era o animal do Oriente.


terça-feira, 10 de novembro de 2009

Conto "Where is the Voice Coming From"? de Eudora Welty, em debate



O conto que vai ser ponto de partida para o debate com os escritores Hélia Correia, José Mário Silva e Luísa Costa Gomes, "Where is the Voice Coming From?", na Quinta-feira às 14h30 na sala 5.2., encontra-se na reprografia verde, caso o queiram ler.
Seria muito gratificante uma assistência vossa em massa a esse debate. A seguir, há um contador de histórias. No dia anterior, Quarta-feira, pelas 17h00, há dois contadores + o filme "Ponder Heart", com base no romance do mesmo nome de Eudora Welty. Também na sala 5.2.
O programa todo pode ser consultado se seguirem o link de Post-Racial America aqui ou na barra lateral do blog.

Debate Literatura Infantil e Identidade Racial


Hoje, Terça-Feira, 10 de Novembro
sala 5.2
com Elsa Maurício Childs, Elsa Serra, Paulo Pires do Vale e Rute Beirante

domingo, 8 de novembro de 2009

Tradução de "limericks" de Edward Lear (por Angélique Fernandes)

mais um esforço para comentar. São igualmente bem-vindas as propostas de alternativas.

  Havia um velho que disse: - Quietos!
Distinguo um jovem pássaro nos arbustos!
Quando disseram: - É pequeno?
Ele respondeu: - Nem por isso!
É quatro vezes o tamanho dos arbustos!
 
Havia uma jovem dama de Tyre,
Varria as ruidosas cordas de uma lira;
Ao som de cada varredela,
Extasiava a vastidão profunda,
E encantava a cidade de Tyre.
 
Havia uma dama cujo queixo
[Se] Assemelhava-se à ponta d’um seixo;
Mandou-o afiar,
Comprou uma harpa,
E tocou várias melodias com o queixo.
 
Havia um velho de Kilkenny,
Que não tinha mais que um centavo;
Gastou-o então, em cebolas e melão,
Aquele caprichoso velho de Kilkenny.
  
Havia um velho de barba,
Sentou-se num cavalo que empinava;
Alguém disse: - Não se rale!
Não vai cair mal,
Seu propício velho de barba!
 
Havia uma dama em Portugal,
Tinha uma excessiva mania naval;
Subia às árvores  p’ra ver cada dia
O estado do mar ,
Mas dizia, que nunca iria deixar Portugal.
 
Havia uma dama de Welling,
Cujos louvores toda a terra cantava;
Tocava a harpa,
E por vezes apanhava uma carpa,
Aquela dotada dama de Welling.
 
Havia um velho de Kamschatka,
Que tinha um rafeiro notávelmente gordo;
O seu andar e bambolear,
Eram exemplares,
P’ra todos os rafeiros gordos de Kamschatka.
 
Comentário:
Estes poemas nonsense, de Edward Lear, foram um pouco complicados de traduzir. Mas acho que poesia é sempre bastante dificil de traduzir, pelo menos sem se perder muito da sua beleza original. Decidi manter os nomes originais (exemplo: Tyre) na língua de partida, e também tentei manter a estrutura do limerick, mas acho que não foi muito bem conseguido da minha parte. Tive dificuldades na tradução de várias expressões ou palavras, os mais problemáticos sendo: no primeiro verso, do primeiro poema, a palavra “hush!”;  depois no segundo poema, o verso “she enraptured the deep” foi bastante dificil; no quinto poema (da página 32) tive várias dificuldades em traduzir “Never mind! You will fall off behind” - a minha escolha de tradução foi mais virada no sentido de manter a estrutura da rima; depois, por fim, o poema da “dama de Portugal” foi traduzido com a ajuda de uma tradução já realizada por Vera Pinto e Luis Manuel Gaspar; alterei algumas coisas com a intenção de esta manter o ‘tom’ das minhas outras traducões dos poemas de Edward Lear.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Plataformas de Tradução Colaborativa Abertas à Comunidade

transcrevo aqui a proposta que redigi, conjuntamente com Jeff Childs, para discussão e início de um projecto alargado de utilização da internet para facilitação do ensino da tradução literária, e para a qual toda a turma está desde já a contribuir pela sua participação neste blog e auxílio à construção da base de dados do site da disciplina. Obrigada a tod@s. Sugestões, apreciações e comentários são bem-vindos.

Literary translation has often been regarded as constituting a domain of multivalent human creativity, a bastion of humanistic learning, besieged in our technological era by computer-assisted translation, automatic translators and information technologies in general. At the same time, the idea of training human beings to perform such tasks – that is, of actually contributing to the enhancement of practical expertise in matters of literary translation – tends to be met with some scepticism, even among some translation studies scholars, who have rather turned away from the process of translating literature to the description and sociological analysis of its end results.

Literary translation, it is argued, entails something like the private exchange of personal idioms, and should be left in the hands of competent craftsmen and craftswomen open to just such a private calling. Though this picture may describe some of the transactions that occur under the heading of literary translation, it by no means applies to all, or even most, of these. More frequently, we encounter literary translators working within identifiable institutional contexts, collaborating with editors and perhaps even other translators, and often specializing in specific literary genres or sub-genres. Nor is there any reason why computer-assisted translation tools, such as concordances, terminology databases or translation memory managers should be left out of the teaching of literary translation, if at least most translation course curricula grant that such teaching is indeed desirable. Moreover, if we assume that literary translation is one of the most complex problem-solving human activities, it seems that pedagogical approaches would benefit not only from the availability of wide and differentiated databases, but also from the collective engagement of groups in assessing the relevance of such output for their own translation tasks, the results of which could then be extended to larger audiences via on‑line platforms and discussion forums.

It is with this specific context in mind that we propose to analyze three distinct initiatives, each collaborative in nature and each making use of information technologies to further their aims: a classroom blog for the study of literary translation, a database of literary translation problems involving exchanges between English and Portuguese, and an on-line poetry translation workshop. Two aims that cut across all three of these initiatives are the assessment of the possibilities for collaborative translation – the extent to which the process of translation can be shared and transmitted horizontally – and the discovery of ways for extending and sharing outcomes both inter‑institutionally and beyond an academic context. In examining these initiatives, we will attempt to lay out their strengths and weaknesses, considered in terms of the work they have produced to date and in light of their exploration of the informational technologies available to them. Ultimately, the goal of such a critical examination will be to assess the possibilities for a more ambitious effort at project building in translation and editing, through a collaborative online platform with participants from different institutions and courses of literary translation training and eventually reaching out to all those interested in the web community.


Keywords: collaborative translation, literary translation, IT, translator training, project-building

domingo, 1 de novembro de 2009

Correspondência com Velma Pollard

com autorização de Velma Pollard, reproduzo aqui o último mail que enviou, após discussão sobre as alternativas de se traduzir o seu texto com um crioulo "ficcionalizado" e mantendo referências à localização e cultura jamaicanas (nomes de ruas e personagens, marcas, etc.), ou com um crioulo mais acentuado de Cabo Verde e respectiva translocalização, transferindo para lá a acção. No mail, resolve-se ainda um malentendido, uma vez que de início Velma Pollard entendeu que "crioulo ficcionalizado" não seria uma atenuação do crioulo mas uma língua completamente inventada e que isso iria contra a sua necessidade de afirmação de diferença linguística étnica. Porém, tudo acabou em bem, e julgo que saímos todos mais enriquecidos, demonstrando que vale a pena o diálogo entre tradutores e autores vivos.

I have to admit to having been a little peeved at the notion of an invented Creole.  Cross cultural communication is always tricky and a language difference exacerbates it.  I certainly got a different idea of what your students had done. Thanks for the clarification

With regard to the options you suggest I favour the first one for the reasons you already appreciate: like retaining the Caribbean flavour. I would definitely want the characters, streets etc. to retain their names.

About the name Altamont Jones. It is a commonplace kind of name here. One of the differences between colonisation on the African continent and colonisation in the Caribbean and the Americas certainly by the British is that we were routinely given English type names. My friend and colleague from Ghana which had been colonised by England just as Jamaica was, is Ama Ata Aidoo while I  was born Velma Earle Brodber ( Pollard is a name by marriage). This difference really came home to me earlier this year when I taught a group of university students visiting here from the USA. It was a very mixed group in terms of origins. The blacks from America had names like mine while those from Africa had African names. Those from India, China, Japan had names from their own cultures.  So you will always find West Indians with names like mine and one like Altamont Jones is perfectly normal. By the way I have always known “ Altamont” (sometimes Altimon) as a person name and never heard it as a place name. It really depends on what one has read.  The ironic twist, if any, is that such a man, one with quite formal name, a name that could belong to anybody at any level of the society could be subjected to such treatment. I mean the indignity of the suitcase at the gate.

I am very humbled by this whole conversation which needn’t have gone on at all. Most people translate other people’s writing with no comment from the author. In fact most times the author is already dead. I have friends whose area is French Literature and they translate to English, texts written partly in one or other of the French Creoles of the Caribbean so I am very aware of the problems across languages. I have also had a few encounters with the process involving my own stories.

This kind of thing will happen more and more as literatures written in english ( small “e” as explained in  The Empire Writes Back) become part of  the experience of people from other languages. Indeed even within the English speaking world some of our Creole writing is problematic.

This letter has been long too but I hope I have answered everything

Best wishes to you and to your students. Please explain to them how our different meanings to words caused the misunderstanding.

Sincerely


VelmaP

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Tradução de "I See You Never" de Ray Bradbury (por Filipa F. e Carina C.)

No espaço para documentos do site, podem descarregar a tradução acima mencionada. Apesar dos amarelos e alguns vermelhos, há esforço e progressos (vejam, por exemplo, como as vossas colegas geralmente resolvem bem a questão do excesso de mais-que-perfeitos do texto de partida).
Comentem e ajudem com alternativas. A Filipa e a Carina referem, para começar, dois pontos em que sentiram dificuldades:
- A quantidade de possíveis significados para a palavra “porch”.
- O manter ou não de Sra. e Sr. Ramirez nas frases de diálogo (ex: “- O que se passou Sr. Ramirez? – perguntou a Sra. O’Brian.”), uma vez q para o leitor deverá ser óbvio q o diálogo é entre a Sra. O’Brian e o Sr. Ramirez.

domingo, 25 de outubro de 2009

"Forms of Verse Translation and the Translation of Verse Forms", de J. S. Holmes (trabalho de Ana M. C. e Patrícia N.)

James S. Holmes inicia o seu discurso baseando-se em Roland Barthes, famoso linguista e crítico francês que propôs uma distinção de classes onde numa se insere a poesia, ficção e drama, que lida com a linguagem que é usada pelo escritor para este falar de objectos e fenómenos que são exteriores à língua.
A outra classe que diz respeito à escrita que, tal como o nome indica, engloba as formulações linguísticas do mundo, classe esta que Holmes prefere designar de metaliteratura. Neste conceito da metaliteratura, enquadra-se a prática da tradução
Seguidamente o autor propõe que se fale em metapoema para designar o poema traduzido, naquilo que implica de processo critico sobre o poema de partida, seu esforço de reprodução do trabalho criativo sobre os fenómenos do mundo que deu lugar a esse primeiro poema do tipo de tradução de verso mais adequado ao poema de partida e como solução, os tradutores têm de optar por umas das quatro abordagens no acto tradutório.
Na primeira abordagem, a forma mimética, o tradutor mantém a forma do original, ou seja, imita a sua forma da melhor maneira possível, “movendo-se” da língua e tradição poética de partida para a língua e tradição poética de chegada.
 A segunda abordagem, a forma analógica segue o poema de partida, mas vai além deste. Vai até ao verso que cumpra função idêntica na tradição poética de chegada. Ambas as abordagens podem ser classificadas no plano das formas de tradução de forma derivada, baseando-se na tentativa de equivalência entre as línguas de partida e de chegada e suas respectivas tradições poéticas.
Segue-se uma terceira abordagem, uma forma de verso designada derivado de conteúdo semantico e que se pode também chamar abordagem da forma orgânica. O tradutor não segue a forma do original como ponto de partida, antes ajusta o conteúdo a partir do material semântico e assume assim, a sua própria forma poética na tradução.
Por último, a forma de tradução descrita como desviante ou “externa” que não se baseia no original, nem segue a sua forma ou conteúdo, antes vertendo-o, por questões de agenda poética, para uma forma “alheia” a quaisquer indícios formais do poema de partida.
Há ainda um quinto tipo que o autor desconsidera: a tradução do verso por uma forma em prosa.
Concluindo, o autor termina com um alerta para a relação extremamente fechada entre o tipo de forma de verso que um tradutor escolhe e o efeito total que as suas traduções alcançam, daí que todo o problema da tradução em verso e o seu estudo merecem total atenção.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Levantamento de problemas relativos à tradução de Altamont Jones, de Velma Pollard


Do trabalho do Paulo Martins, do Paulo Moreira e do Bernardo Rodrigues resultou uma tradução e um levantamento de problemas. Podem comentar quer uma coisa quer outra.

Problemas gerais de tradução

- A existência de Crioulo Jamaicano: para que a tradução seja fiável é necessária uma primeira tradução para Inglês padrão. Só depois torna possível a tradução para o Português e, consequentemente uma segunda tradução para Crioulo da Ilha de Santiago (Cabo verde)
Exemplo: Every night you come een ere wid you face mek up like you smell someting ar you jaw puff out like frag a go chin cucubeh. (Todas as noites entras aqui com cara de caso, e de beiça caída como um sapo prestes a cuspir veneno).
Alternativa sugerida ("tradução" para crioulo e depois um certo "adocicamento" para evitar total opacidade): Tudo noiti entras aqui qu cara di caso i di quexo caído como um sapo qui stá a punto di cuspir veneno. Estó fartu di olhar pa tu má cara. Aposto qui no fazis ssa cara, cando tu bai a primero andar di Master Isaacs pa incontra quela mulata maldita

- Referências próprias do ambiente onde decorre a acção: o uso de tais referências dificulta a interpretação das frases e a construção das frases traduzidas. Referências como as ruas, Red Stripe e Black Seal, marcas de cerveja e rum, respectivamente, necessitam de pesquisa para que sejam correctamente inseridas na tradução. Já no caso de Massa or Busha , são termos que se relacionam com o período colonial da Jamaica;

- Léxico pouco comum: uso de termos invulgares como sniggers, tirade e unobtrusive leva a que se tenha de corresponder tais termos com os seus correspondentes em Português, ou o mais próximo possível;

Problemas específicos


            - Ao serem mantidas as formas de tratamento de Mr. Jones ou Mr. Abrams, tomámos uma posição estranhante, de modo a informar o leitor que a acção retratada não acontece em território português.
            - O facto de Philip Chin ser uma personagem criada pela autora, e não alguém real pode causar confusão na sua relevância para o conto.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Nova Mudança de Sala - 5ª Feira - Sala 9

As nossas aulas de Quinta-feira passarão já, a partir de dia 15, a ser na sala 9 e não no Anfiteatro II. Quem vir esta mensagem, passe palavra, por favor.

Concurso para Tradutores de Inglês

A Relógio D’Água vai abrir um concurso para escolher seis colaboradores como tradutores de inglês-português. Os candidatos podem escolher entre uma obra de Iris Murdoch (Under the Net), de Edna O’Brien (The Country Girls) e G. K. Chesterton (The Man Who Was Thursday).

Condições de concurso:

1. Os concorrentes devem ter o português (europeu) como língua materna.

2. A prova de admissão consiste na tradução de sete primeiras páginas de uma das três obras acima mencionadas.

3. Os interessados devem contactar a editora por e-mail (relogiodagua@relogiodagua.pt), enviando o seu currículo e e-mail e solicitando o envio das sete páginas de uma, e apenas de uma, das obras mencionadas.

4. Duas assistentes editoriais da Relógio D’Água (Isabel Castro Silva e Michelle Nobre Dias) serão responsáveis pela selecção das cinco melhores provas de tradução recebidas para cada autor. As provas de tradução deverão ser enviadas até 18 de Outubro de 2009 para o e-mail da editora com indicação de Prova de Tradução.

5. As cinco provas seleccionadas serão depois apreciadas por um júri integrado por Miguel Serras Pereira, Margarida Vale de Gato e Paulo Faria, que escolherão as duas melhores traduções para cada um dos autores. As provas a que este júri terá acesso serão anónimas.
O júri pode considerar que nenhuma das provas reúne as condições necessárias para aprovação.

6. O autor da prova considerada em primeiro lugar ficará como tradutor da obra cuja tradução iniciou. O segundo classificado será contactado para posteriores trabalhos de tradução.

7. O júri terá completado o seu trabalho no dia 28 de Outubro, sendo o resultado divulgado no blogue da Relógio D’Água.

8. O pagamento previsto por página de 1800 caracteres (incluindo espaços) é de 8€. O contrato-tipo de tradução da Relógio D’Água pode ser solicitado para o e-mail da editora.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Tradução do Conto "Circe" por Eudora Welty


Usem a caixa de comentários para expor as vossas dúvidas e debater problemas de tradução. Vá lá.

(imagem "Circe", por Gustav-Adolf Mossa, 1904)

sábado, 19 de setembro de 2009

Monica de la Torre e o Conde de Roscommon

Monica de la Torre nasceu na Cidade do México e publica, entre outras, na editora estado-unidense Smart Art Press, que tem todo o ar de ser uma editora independente e alternativa, dedicada a livros de arte e de literatura experimental.

O Conde de Roscommon, escritor didáctico e crítico, nasceu c. de 1630 na Irlanda.

John Cooper, Perfect Mess, Whitbread Award

Relativamente a questões pendentes na última aula, após alguma pesquisa e ginástica mental:
  • John Cooper é efectivamente um homem de economia e finanaças, e não um escritor brincalhão como a mim me agradava mais pensar. Num site muito importante para acertos terminológicos de palavras técnicas, a base de dados da União Europeia IATE, "balance of payments" vem como balança de pagamentos. Após consulta ao meu pai economista confirmo que é "balança de pagamentos", e não "balanço de pagamentos", como diz a wikipedia, embora a descrição do fenómeno que lá vem seja exacta: isto é, não tem nada a ver com o vulgar balanço, mas com a contabilização do dinheiro que entra e sai do país. Nesse caso, parece-me que o subtítulo "What to do about the balance of payments?" não pode fugir muito de "O que fazer com a balança de pagamentos?". Mas aceitam-se sugestões criativas para "A Suitable Case for Treatment".
  • Pensando no título "A Perfect Mess" e no que alguém disse em aula, muito bem, acerca do contraste com o adjectivo fazer parte do hipotético conteúdo do livro (uma desarrumação que vem por bem), lembrei-me que talvez pudesse funcionar "Uma Bela Confusão". Que acham?
  • O Whitbread Award, que agora parece que se chama Costa, é efectivamente um prémio de prestígio britânico, o mais bem cotado a seguir ao Pulitzer, generalista e portanto não confinado a nenhum tipo específico de ficção.  Aliás, a antologia de contos Samll Crimes in an Age of Abudance (que nesta página aparece com uma capa diferente, mas também sugestiva) não é do género policial, antes apresentando uma colecção de situações em que as personagens vivem a ambiguidade moral dos tempos modernos.

Novas Salas + TPC

Já temos uma solução para o problema da sala. À Terça-feira iremos para a sala 2.1 e à Quinta para o Anfiteatro II (não gosto deste, mas por enquanto é o que há).

Ambas as salas são equipadas com powerpoint, pelo que se quiserem apresentar traduções ou outras coisas desta forma, podem fazê-lo.

Esqueci-me de pedir, para a próxima aula, para lerem todos o texto do Dryden sobre tradução, que não é muito extenso e é o primeiro da parte de textos teóricos da vossa antologia, página 136 A (houve um problema de paginação...). Para a aula de Quinta, seria importante cada um de vós trazer uma parte traduzida do episódio de Circe da versão que mais vos convier – i. e., das quatro que estão na antologia, escolhem uma e traduzem as +/- 60 linhas que estão assinaladas com um risco vertical do lado direito. Também é importante que leiam o episódio de Circe inteiro, o que podem fazer na versão portuguesa, para acompanharem este primeiro trabalho de tradução e as restantes aulas em volta de textos sobre Circe.

Grata pelo empenho, passem palavra.

sábado, 12 de setembro de 2009

Bem-vindos

Neste blogue serão colocadas as nossas reflexões sobre problemas discutidos em aula, bem como os vossos trabalhos de preparação prévia aos textos a traduzir, em articulação com textos teóricos sobre tradução.

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