quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Proposta do Bernardo para tradução dos limericks de Edward Lear

(e pela vossa saudinha apareçam amanhã no colóquio Welty)


Traduções dos poemas disparatados de Edward Lear

Havia um velho que apanhou um susto,
Quando viu uma jovem ave num arbusto;
Quando lhe perguntaram pela sua grandeza,
Respondeu: “ Não tenho a certeza.
Talvez quatro vezes o tamanho do arbusto”.

Havia uma donzela cujo queixo
Se assemelhava a um seixo;
Por isso mandou-o afiar e
Uma harpa mandou comprar,
Pasando a tocar melodias com o seu queixo.

Havia uma donzela de Tira,
Que varria sonoros acordes de uma lira;
Ao som de cada vassourada,
Toda ela ficava encantada,
E encantava a cidade de Tira.

Havia um velho homem de Travo,
Que nunca tinha mais que um centavo;
Gastava sempre tudo o que tinha,
Fosse na mesa ou na vinha,
Aquele desmedido Velho de Travo.


Havia um velho com barba brava,
Que montava a cavalo quando este empinava;
Até lhe diziam: “Não sei do que gostas?!
Cais sempre de costas!”.
Assim se quedou o velho da barba brava.

Havia uma donzela de um certo ponto,
Que louvava o mundo como num conto;
Sempre tocava a harpa,
E pescava muita carpa.
Era o que fazia a mulher dum certo ponto.

Havia uma donzela Portuguesa,
Cujas ideias eram sem clareza;
De tanto olhar as águas,
Sofria de chorosas mágoas.
Assim era a donzela Portuguesa.

Havia um velho do Oriente,
Que para o seu animal era inconsciente;
Medidas de tal dimensão,
Que não havia igual na região
Assim era o animal do Oriente.


3 comentários:

  1. Caros colegas,

    Gostaria, em primeiro lugar, de deixar patente o meu "fascínio" por este tipo de literatura, dito "nonsense", que desde muito novo me prendia por longos momentos em frente a páginas com meia dúzia de "rabiscos" (sem qualquer conotação negativa, como é óbvio, visto já me ter assumido como fã deste género literário), e dando por mim perdido de riso. Mas isso são "outros quinhentos", como vulgarmente se diz.

    Quanto às sugestões do meu colega Bernardo, só tenho a dizer bem, visto terem dado um outro toque às da nossa colega, sem que de nenhum modo descore o trabalho por ela feito.
    Como acompanhante deste género literário, ainda que estivesse como que adormecido o bichinho "nonsense", gostaria de fazer algumas sugestões.
    Para "Tira" talvez sugerisse Tavira, visto poder vir dar o sentido pretendido ao poema. Logo uma donzela de Tavira (visto esta ser uma cidade do conhecimento de todos nós).

    Quanto a "Travo", e mesmo sabendo que não será a melhor das traduções talvez Ílhavo pudesse soar um pouco melhor, mas como referi, não será por ventura a rima mais saudável.
    (aqui está o link de onde retirei esta ideia - a outra foi de cabeça - http://www.mapadeportugal.net/indicecidades.asp)
    Para a última gostaria de propor:

    Havia um velho chinês,
    Que com o seu animal era cortês.
    Dedicava-lhe tal atenção,
    Que não havia igual na região
    Assim era o animal do Chinês.

    Esta versão acho que pode suscitar alguns problemas portanto ainda tenho outra

    Havia um Ansião asiático,
    Que com seu jerico era simpático.
    Dava-lhe palha, boa cama, atenção,
    Era o asno invejado do seu Cantão.
    Assim era o jerico asiático.

    Quanto à opção do Bernardo e se preferirmos não a alterar, sugiro:

    Havia um Ansião lá no Oriente,
    Que para com o seu animal era indolente;
    Apatia de tal dimensão,
    Que não havia igual na região
    Assim era este animal no Oriente.

    Gostaria de frisar que aquando deste comentário não possuía os textos comigo, como tal, fiz uma espécie de "tradução", ou transformação, como preferirem, daquilo que o colega havia elaborado.

    Sem mais me despeço, e na esperança que haja qualquer desenvolvimento neste tópico,

    Filipe Malaquias

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  2. Boa tarde.

    Gostaria primeiro de felicitar o Bernardo pela sua proposta de tradução que me parece muito bem. Gostei igualmente da proposta da nossa colega.

    Em relação á última estrofe aqui vai a minha sugestão.

    Havia um velho Oriental
    Que tinha um grande e gordo animal
    O seu porte e movimento sem igual
    Tornaram-se no ideal
    de todos os cães anafados
    Da região oriental.

    Em relação a Travo acho que se podia colocar mesmo Kilkenny e de seguida o penny para poder rimar e manter a restante ideia.

    Por fim, no que diz respeito a Tira, após consulta á wikipedia, pesquisando a palavra Tyre, apresento a sugestão Tiro.aproveitando também a ideia do Bernardo aqui vai:

    Havia uma donzela de Tiro
    Que varria sonoros acordes de lira
    De uma forma que admiro
    Não é mentira
    que a cada vassourada
    toda ela ficava deliciada
    e deixava enlevada a cidade de Tiro

    Foram algumas sugestões que até podem não ser as melhores mas ocorreram-me no momento.

    Paulo Martins

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  3. Acerca da minha proposta de tradução tenho de pedir desculpa à colega Angélique, pois ao contrário dela, houve da minha parte uma deturpação quase completa do texto de partida, sendo que a “tentativa de tradução” foi feita baseada apenas nas ilustrações e decerto não teve a pesquisa existente da sua parte.
    Relativamente aos amarelos, não percebo o porquê de Tira e Travo. Terá relacionada com a rima ou métrica? Algo que, da minha parte, não foi algo levado em consideração, confesso. Ou por serem localidades pouco exóticas? De acordo com a wikipedia em inglês, “Tira” tanto pode ser uma localidade no Texas, como uma vila na India ou uma cidade de Israel. E “Travo” (que por pura sorte consegui encontrar) é um município em Itália, que, de certa maneira, é capaz de ir ao encontro do estereótipo dos italianos viverem para os prazeres da comida. Ainda tentei procurar por terminações em –êntimo , mas provou-se bem mais dificil.
    Em relação aos três versos, tinha a sensação de estarem mal conseguidos. Foi uma solução temporária que se tornou definitiva, à falta de maior pesquisa.

    Agradeço as soluções já propostas pelo Malaquias e pelo Paulo,sendo que para o primeiro o uso do seu vocabulário nunca me deixa de surpreender (tenho de aceder ao Priberam para perceber alguns termos!) e Tavira também me parece uma opção possível. Faltando a consideração da métrica, da qual pouco percebo.

    Mais uma vez saliento que esta proposta foi algo realizado puramente por diversão/curiosidade, sendo que não pode ser descurado o trabalho da colega Angélique, que certamente terá investido um esforço bem maior no seu projecto.

    Bernardo Rodrigues

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