Problemas gerais de tradução
- A existência de Crioulo Jamaicano: para que a tradução seja fiável é necessária uma primeira tradução para Inglês padrão. Só depois torna possível a tradução para o Português e, consequentemente uma segunda tradução para Crioulo da Ilha de Santiago (Cabo verde)
Exemplo: Every night you come een ere wid you face mek up like you smell someting ar you jaw puff out like frag a go chin cucubeh. (Todas as noites entras aqui com cara de caso, e de beiça caída como um sapo prestes a cuspir veneno).
Alternativa sugerida ("tradução" para crioulo e depois um certo "adocicamento" para evitar total opacidade): Tudo noiti entras aqui qu cara di caso i di quexo caído como um sapo qui stá a punto di cuspir veneno. Estó fartu di olhar pa tu má cara. Aposto qui no fazis ssa cara, cando tu bai a primero andar di Master Isaacs pa incontra quela mulata maldita
- Referências próprias do ambiente onde decorre a acção: o uso de tais referências dificulta a interpretação das frases e a construção das frases traduzidas. Referências como as ruas, Red Stripe e Black Seal, marcas de cerveja e rum, respectivamente, necessitam de pesquisa para que sejam correctamente inseridas na tradução. Já no caso de Massa or Busha , são termos que se relacionam com o período colonial da Jamaica;
- Léxico pouco comum: uso de termos invulgares como sniggers, tirade e unobtrusive leva a que se tenha de corresponder tais termos com os seus correspondentes em Português, ou o mais próximo possível;
Problemas específicos
- Ao serem mantidas as formas de tratamento de Mr. Jones ou Mr. Abrams, tomámos uma posição estranhante, de modo a informar o leitor que a acção retratada não acontece em território português.
- O facto de Philip Chin ser uma personagem criada pela autora, e não alguém real pode causar confusão na sua relevância para o conto.
sobre o problema específico em que Mr. Jones ou Mr. Abrams constituem opções de estranhamento, há que ver que estas escolhas podem ser incoerentes com a opção por um criolo localizável em Cabo Verde. Também é verdade que o crioulo de Cabo Verde foi "ficcionalizado" e aligeirado de modo a ser compreensível, pelo que os leitores possivelmente o compreenderão apenas como uma fala marcada de etnia vagamente africana. Assim sendo, a ficção da língua é a mesma que acontece quando, numa tradução de inglês para português, se mantêm também as formas de tratamento "Mr." ou "Mrs." Acontece que esta manutenção ainda gera outros problemas: porquê fazê-lo do inglês para português quando isso seria impensável, por exemplo, numa tradução do polaco?
ResponderExcluirGostei de ler esta tradução feita pelos meus colegas.
ResponderExcluirO uso do criolo de Cabo Verde em vez de uma tradução directa para português europeu, faz com que o leitor tenha que se esforçar para tentar compreender o que está escrito no texto. O que pode ser positivo se o leitor não for "preguiçoso".
Na minha opinião a manutenção de Red Stripe e Black Seal é correcta, uma vez que são marcas de bebidas.
ler tanto o texto original quanto a tradução, parece-me que a segunda está muito bem conseguida. Os colegas que a realizaram merecem todo o mérito por terem recorrido a todas as fontes possíveis (incluindo a autora), assim como pelo trabalho realizado na área de dar um tom de crioulo às falas da personagem feminina. A procura de referências próprias da cultura jamaicana também merece ser mencionada, especialmente no caso da red gal, que nunca me ocorreria que fosse outra coisa que não uma rapariga ruiva. Isto servir-me-á de exemplo no futuro, para não aceitar o significado mais óbvio de uma palavra mas sim procurar possíveis segundos significados, principalmente numa cultura em que não tenha um conhecimento muito vasto.
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