Estratos: fonológico; lexical; morfossintático; semântico; cultural; pragmático; convenções orto-tipográficas
Traduzir
significa várias coisas, entre as quais / tem
uma variedade de significados possíveis, entre os quais: [fazer] circular,
transportar, disseminar / divulgar, explicar, tornar (mais) acessível. Irei começar pela premissa / proposição / teoria — pelo exagero / exagerada, dirão alguns – que por tradução nos referimos, ou podemos referirmo-nos, à pequena percentagem de livros publicados que realmente vale a pena ler; ou seja, vale a pena reler. (…)
Certas escolhas que se podem considerar meramente linguísticas implicam sempre [omissão deliberada; redundância] padrões éticos, o que tornou a atividade de tradução, por si mesma, o veículo de valores como a integridade, a responsabilidade, a fidelidade, a coragem ou a humildade.
A tradução literária é um ramo da literatura — nada que se pareça com / tudo menos uma tarefa mecânica. Porém, o que torna a tradução uma proeza / um empreendimento tão complexa(o) é o facto de responder a uma variedade de objetivos. Há requisitos / exigências que advêm/provêm da natureza da literatura como uma forma de comunicação. Há o imperativo, quando se trata de uma obra considerada essencial, de a dar a conhecer ao mais vasto público possível. Há a dificuldade geral de passar de uma língua para outra, bem como a intransigência de certos textos, que aponta para algo inerente à* obra [literária] e que está muito além de / totalmente alheio às** intenções ou à consciência do seu autor, que emerge quando se inicia o ciclo das traduções — uma qualidade que, à falta de melhor palavra, chamamos / designamos por traduzibilidade***.
Esta teia / este novelo de questões complexas reduz-se frequentemente ao eterno debate / debate permanente entre (os) tradutores — o debate sobre a literalidade — que remonta pelo menos à Roma Antiga, quando se traduziu a Literatura Grega / literatura grega para Latim / latim, e que continua a preocupar os tradutores de todas as nacionalidades (sendo que a este respeito há grande diversidade de tradições e preconceitos nacionais). O mais antigo tema de discussão sobre traduções é o papel do rigor e da fidelidade. Certamente que no mundo antigo houve tradutores que se regiam pelo padrão da estrita fidelidade literal (passando ao lado da eufonia!**). (...) De que outro modo explicar a insistente argumentação do próprio São Jerónimo**** (c. 331-420 d. C.) (...) de que o resultado inevitável de se procurar uma reprodução fiel das palavras e imagens do autor era a perda do sentido e da elegância?
* ex. de competência linguística
** ex. de competência de transfer
*** ex. de competência especializada
**** ex. de competência cultural
Sugestão de trabalho de casa / apontamentos para estudo: esta correção do exercício diagnóstico segue (de forma ligeiramente adaptada, nomeadamente no que toca à adição do estrato de "convenções orto-tipográficas) as categorizações de estratos para análise de texto em tradução literária e tipos de competência translatória propostas por João Barrento no capítulo "A Panela, o Cozido e o Caldo" de O Poço de Babel (2002). Para interiorizar estas categorias, sugere-se a criação de uma tabela, inserindo nela os elementos aqui destacados, bem como outros assinalados na correção individual de cada exercício.
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