George Steiner, Errata, 1997
quarta-feira, 29 de abril de 2015
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"[T]he fourfold proceeding of translation from encounter, from the gamble on significance to the final act of restoration is, fundamentally, a dialectic of trust, a taking and a giving back. Where it is wholly achieved, great translations being much rarer than great literature, translation is no less than felt discourse between two human beings, ethichs in action."
Leitura do conto "Circe's Palace" à luz das recomendações para tradução de literatura infantil (por Vânia, Tânia, Sofia)
Nathaniel Hawthrone foi um escritor norte-americano
que escreveu vários livros para crianças, um deles Tanglewood Tales (1853) onde se encontra a história de “Circe’s Palace”
sobre a qual o nosso trabalho irá incidir.
Depois de termos lido o texto “Children’s literature
and translation” de Cecilia Alvstad e o conto “Circe´s Palace” verificamos que
este difere muito quando comparado com os outros textos sobre Circe com que
tivemos contacto em aula. Isto, não só por se tratar de um conto para crianças,
mas também pela introdução de novos elementos, animais e personagens por parte
do autor. Assim, este fez uma adaptação da história e passou-a para um conto
infantil. Apesar de ser um conto para crianças o autor teve o cuidado de manter
referências culturais importantes, tais como os nomes das personagens, os nomes
das terras por onde navegaram e os nomes de povos que tiveram contacto, por
exemplo: “King Ulysses”, “Troy”, “Ithaca” “King Aeolus”, “Laestrygonia”, “Cyclops”,
“Eurylochus” e “Circe”. Ao longo do conto, o autor insiste muito no estatuto de
rei de Ulisses porque nas histórias infantis príncipes, princesas e reis são
muito comuns.
Verifica-se, também, neste conto alguma manipulação,
ou seja, tem um vocabulário mais informal para ser entendido pelas crianças,
para além de recorrer a eufemismos e à censura de algumas situações. É de notar
que certas partes não correspondem bem à história original devido ao seu
carácter sensual e por isso mesmo o autor teve que as reescrever de uma forma
menos ofensiva para que se adequassem ao público infantil.
Apesar de este conto ser dirigido a crianças, os
adultos também o vão entender, pelo facto de ser uma história que pertence ao
conhecimento geral de qualquer adulto. Assim,
quando o tradutor traduzir a história tem que ter em consideração que
não está só a traduzir para crianças, que não conhecem a história, mas para
adultos que a conhecem.
É de notar também que o texto contém variadas
palavras, que podem ser um pouco complicadas para as crianças entenderem.
Exemplos dessas palavras são: “nimbly”, “bethought”, “kindling”, “summoned”,
“inhospitable” e “melancholy”; no entanto, estas palavras vão ajudar ao
enriquecimento do vocabulário das crianças, uma vez que os pais lhes podem
fornecer o significado mais simples dessas mesmas palavras.
O facto do lar de Circe ser descrito como um majestoso
palácio mostra uma adaptação do conto por parte do autor; o edifício em que
vive Circe está normalmente sujeito a interpretação.
Este texto, no que toca a ilustrações, possui só uma
em cada história o que contrasta com as histórias actuais que possuem muitas
imagens. Quando, na história, Ulisses encontra um pássaro que o impede de
avançar no terreno, uma imagem deste pássaro seria uma boa adição, uma vez que
tornaria mais explicito a detalhada descrição deste.
No texto de Hawthrone existe uma insistência na
descrição dos marinheiros como glutões (“Ah the gluttons and gormandizers!”p73,
l.30) Há ainda várias referências ao animal em que estes são mais tarde
transformados (é mencionada a preferência pelo porco como refeição – quando os
marinheiros se aproximam da torre de Circe chega-lhes o cheiro de porco assado.
Quicksilver (o seu nome é em grego Hermes que se chama Mercúrio para os
romanos, daí a tradução de Hawthrone para Quicksilver) diz inclusivamente a
Ulisses que se este não fosse bem sucedido seria transformado numa raposa
devido à sua sagacidade (“It will require all your wisdom (...) to keep your
royal and sagacious self from being transformed into a fox.”, p76, l.28).
O pássaro, uma das vítimas de Circe, é introduzido na
história como uma forma de avisar o herói do perigo presente, servindo portanto
como mais um elemento de presságio.
Um dos marinheiros é descrito como sendo
particularmente brutal (“more brutal than his fellows”, p70, l.6), e mostra-se
cruel para com o pássaro que lhes aparece com o intuito de os ajudar.
A introdução de ninfas parece ser mais uma liberdade
tomada pelo escritor. A temática do cair na tentação devido aos pontos fracos
do espírito é reforçada com a presença destas criaturas.
Ulisses mostra desprezo pela natureza dos seus
companheiros quando se depara com eles transformados em porcos, mas uma vez que
o herói é uma personificação da honra e da justiça na história de Hawthrone,
acaba por transformá-los outra vez em humanos. É-lhes dado o aviso de que só
com uma mudança do seu comportamento seriam capazes de deixar de grunhir e de
agir por vezes como verdadeiros porcos (“It must depend on your own future
behaviour, (...) whether you do not find your way back to the sty.”, p79,
l.43).
O pássaro, outrora um rei, ganha a sua forma original
no final da história, mas os outros animais selvagens encontrados no palácio de
Circe permanecem transformados devido ao facto de terem sido criminosos cruéis
como humanos.
Tradução de Literatura Infantil (por Vânia, Tânia e Sofia)
A tradução de
literatura infantil é caracterizada por uma série de particularidades. O texto
de Cecilia Alvstad, “Children’s Literature and Translation” (2010), explicita
as mais comuns.
A adaptação do contexto cultural
A adaptação do
contexto cultural é o termo de Göte Klingberg (1986) para
modificações cujo objectivo é ajustar um texto ao quadro de referências do
leitor, o que inclui o uso de referências literárias, línguas estrangeiras,
contexto histórico, fauna e flora, nomes próprios, pesos, medidas e outos
fenómenos específicos da cultura, por exemplo a alimentação que está muitas
vezes representada nos contos infantis.
Se um texto
infantil não for adaptado pelo tradutor, o texto de chegada torna-se difícil de
perceber e menos interessante, uma vez que o contexto cultural do texto de
partida e de chegada diferem. Por outro lado, se todos os elementos culturais
forem adaptados o leitor não irá perceber a perspectiva multicultural.
As estratégias
de tradução que devem ser escolhidas dependem de cada projecto, da situação de
tradução e da imagem que o tradutor tem das crianças.
Manipulação ideológica (purificação)
A adaptação
também ocorre por razões ideológicas. Esta manipulação ideológica, a que
Klingberg chamou “purificação”, diz respeito ao que é adaptado para aderir ao
conjunto de valores dos adultos. As manipulações ideológicas podem também ser
definidas como formas de censura, uma vez que finais infelizes podem ser
transformados em finais felizes. Em alguns contextos políticos, a manipulação
de textos traduzidos é levada a cabo sob vigilância do estado.
Elementos
estilísticos como o calão e o discurso informal são também manipulados por
razões semelhantes. O texto pode ser simplificado de modo a tornar-se mais
acessível. Também o estilo pode ser afectado por problemas relacionados com as
políticas relativas a línguas e variedades em alguns países, acabando também por afectar mecanismos
literários.
Duplo leitorado
A literatura
infantil não é apenas dirigida a crianças, pois são os adultos que as traduzem,
publicam, compram e lêem aos filhos. Devido a isto os valores e os gostos dos
adultos são tidos em conta na hora da tradução. Este leitorado duplo reflecte-se
numa presença textual que é bastante difícil de reproduzir numa tradução.
A dupla de
leitores criança-adulto é provavelmente a única característica exclusiva da
literatura infantil, e tem muito em comum com textos bilingues e multilingues
para adultos.
Características da oralidade
A literatura
infantil é frequentemente escrita para ser lida em voz alta, por isso a
melodia, o ritmo, as rimas, coisas sem sentido e jogos de palavras são muito
frequentes. Estas características levam muitas vezes o tradutor a ter de
escolher entre a melodia e conteúdo e também a escolher entre modelos de rimas
e canções conhecidas ou estrangeiras.
Texto e imagem
A coexistência
de códigos verbais e visuais na literatura infantil pode funcionar de dois
modos: ou se apoiam uma à outra na medida em que contam a mesma história, ou se
contradizem ao terem ilustrações que contam outra história ou que contam a
mesma história mas de uma perspectiva diferente. As traduções e as imagens têm
em comum o facto de estas por vezes tornarem explícito aquilo que no texto de
partida é ambíguo. Por vezes alguns textos traduzidos para crianças são
publicados com novas ilustrações por uma questão de modernização. Isto pode ser
também uma forma de domesticação cultural do texto, uma maneira de evitar que o
texto pareça uma tradução.
terça-feira, 28 de abril de 2015
Tradução para o Palco (trabalho de Liliana Pascoal e Weldy Rodrigues)
Transposição
É uma modalidade especial de tradução que consiste
na transposição ou transferência do texto dramático para o palco (terminologia
proposta por Outrun Zuber-Skerrit, 1983).
Esta transposição dramática é uma forma
especializada de tradução, única para o palco e diferente de traduzir poemas ou
narrativas. Uma peça é escrita para ser representada e tem que ser
“representável” e “dizível”.
·
Dizibilidade: na transposição, há que garantir que os sujeitos não estão
distantes dos verbos, atender a palavras difíceis de pronunciar (procurar
evitá-las), ter em atenção a fluência e as pausas para a respiração.
O sentido de uma peça pode ser distorcido e mal
interpretado se o tradutor falhar ao transpor apropriadamente toda a rede de
signos simbólicos para a cultura de chegada:
·
Visuais;
·
Acústicos;
·
Linguísticos;
·
Gestuais;
·
Código de símbolos.
O tradutor tem que decidir se os signos visuais e
acústicos podem ser mantidos como estão no texto de partida, e, se eles
estiverem ligados aos signos linguísticos, se o significado das palavras e
frases contém a mesma ambiguidade do texto de partida ou se requer substituição
por um signo diferente que signifique o mesmo.
O tradutor pode, também, optar por produzir uma
edição de leitura na língua de chegada com notas de compreensão a explicar o
significado e a ambiguidade de signos verbais e não-verbais no original,
deixando a tarefa difícil da transposição dos signos alusivos para o encenador,
actores e espectadores da peça.
Link (1980)
Foi o primeiro a fazer uma sistematização da
interdependência da tradução, adaptação, e interpretação de textos dramáticos,
de forma a demonstrar a complexidade do teatro e a necessidade de cooperação
entre o dramaturgo, o tradutor, o conselheiro de teatro, o produtor e actores
(Link, Franz, H. (1980) ‘Translation, Adaptation and Interpretation of Dramatic
Texts’).
Processo
de tradução
Rose (1981) elabora um esquema de seis
passos, útil não só para a tradução de peças como de qualquer texto:
1ºpasso: Análise
preliminar do texto a fim de decidir se o texto é
passível de tradução ou não.
2ºpasso: Estilo exaustivo
e análise de conteúdo, para estabelecer o
que torna um texto literário e quais os aspetos literários a manter.
3ºpasso: Aclimatização do
texto, ou seja, pensar como o texto fica na tradução;
passo em que se pensa melhor nas estratégias (ou normas iniciais e matriciais)
para traduzir.
4ºpasso:reformulação do texto e
verbalização na língua alvo, por vezes modificando algumas partes do texto.
5ºpasso: Análise da
tradução e revisão da tradução pelo próprio
tradutor.
6ºpasso: Revisão e
comparação do texto por outra pessoa, familiar e capaz
de ver se as escolhas feitas são as mais acertadas.
Na transposição,
uma segunda fase começa com o passo
7, um processo que consiste em traduzir peças para o palco, produzindo um texto
de representação.
A tradução, desde o papel para o palco:
1.
Seguir o guião ou texto dramático;
2.
Seguir o guião, mas o tradutor tem a liberdade de
mudar algumas coisas;
3.
Não seguir o guião;
4.
Combinar a 3ªopção com a primeira ou a segunda;
Gostand (1980) descreve os
aspectos importantes para a tradução, sendo que todos são potencialmente
aplicáveis à transposição:
-de uma língua para
outra (dificuldades do idioma, etc.)
-de uma cultura
para outra (costumes, premissas, atitudes)
-de uma época para
outra
-de um estilo
dramático para outro (realismo para expressionismo)
-de um género para
outro (tragédia para comédia ou farsa)
-de um meio de
comunicação para outro (peça de teatro para radio, TV, filme)
-quando passa de
uma obra de teatro para um musical
-página impressa
para palco
-emoção/ideia para
um “acontecimento”
-de uma
apresentação verbal para não-verbal
-de um grupo de actividade para outro (profissional,amador)
-de um público para
outro
(musical da Odisseia, prod. italiana, 2008)
Parâmetros de Orientação para Tradução de Textos Humorísticos (trabalho de Andreia, Ana Margarida e Catarinha Chainho)
Em 2007, com o seu artigo “Towards a
humour translation checklist for students of translation”, Trajan Shipley Young
defende que os seis parâmetros definidos por Raskin e Attardo em General Theory of Verbal Humour (1991)
podem ajudar em larga medida os alunos de tradução que trabalhem com texto
humorístico. No sentido de alargar esta checklist
para tradução de humor, Shipley acrescenta mais quatro parâmetros, sendo estes
externos.
Os
seis parâmetros internos da piada e como estes podem ser utilizados na tradução
do texto humorístico
1. Linguagem
(Language): Este parâmetro diz respeito ao tipo de linguagem que é utilizado
para contar uma piada, nomeadamente à sintaxe, ao tipo de vocábulos utilizados,
recursos estilísticos, etc.
Segundo Shipley, a melhor opção para
o tradutor do texto humorístico é manter tanto quanto possível o tipo de
linguagem da língua de partida na língua de chegada.
2. Estratégia
narrativa (Narrative Strategy): Uma
piada é sempre veiculada por um género de narrativa. Esta narrativa pode ser
uma anedota, uma sátira, uma adivinha, um diálogo, etc.
No que diz respeito à estratégia
narrativa, em grande medida relacionada com género e forma, a mudança será
necessária no caso do género de narrativa do original não existir na língua de
chegada.
3. Alvo
(Target): O alvo de uma piada é o
indivíduo ou grupo sobre o qual a piada é feita, e que nela é retratado de
forma negativa. Em Portugal pode dar-se como exemplo de um grupo alvo de piada
os alentejanos. De acordo com Salvatore Attardo, se o alvo do enunciado de
partida não existir na cultura da língua de chegada, o tradutor deve procurar
na mesma um grupo/indivíduo alvo equivalente.
4. Situação
(Situation): Uma piada está
sempre inserida numa determinada situação, real ou imaginária. A situação é
composta pelos “adereços” da piada (os participantes, os objetos, as atividades,
etc), que provêm dos guiões do enunciado. Relativamente ao parâmetro da
situação na tradução de humor, Attardo defende que a situação deve ser mantida
na língua de chegada.
5. Mecanismo
lógico (Logical Mechanism): O
mecanismo lógico está relacionado com a resolução da incongruência da piada.
Uma vez que existe um tipo de humor em que essa resolução não existe (como é o
caso do que acontece no humor nonsense
ou surreal), este parâmetro é considerado opcional.
Por norma o mecanismo lógico é
facilmente traduzível de uma língua para a outra, não levantado por isso
grandes dificuldades ao tradutor.
6. Oposição
de guiões (Script Opposition): Um
texto humorístico contem sempre duas linhas de trama. Estes guiões, embora
opostos, sobrepõem-se.
O tradutor deve manter sempre a
oposição de guiões presente no original, dado que se alterar um ou ambos os guiões
está a escrever uma piada nova. O tradutor só deverá alterar a oposição de
guiões quando a piada original não puder ser utilizada no contexto da língua de
chegada.
Os
quatro parâmetros externos da piada segundo Trajan Shipley Young
1. Considerações de enquadramento temporal (Time Frame Considerations): O
tradutor deve ter em atenção que o conteúdo de uma piada pode ser recente e não
ser ainda do conhecimento do público da cultura de chegada.
2. Considerações de educação e classe social (Social-class and Educational
Considerations): O autor do texto tem sempre um público ideal em mente.
Este público ideal pode pertencer a uma classe social específica e ter um grau
de educação maior ou menor. O tradutor tem de conseguir identificar o público
alvo do enunciado original e transpor a piada para o mesmo tipo de público na
cultura de chegada.
3. Decisões de consciência cultural (Cultural Awareness Decisions): No
caso de todos os elementos presentes no enunciado original existirem na cultura
de chegada, o tradutor apenas necessita de fazer alterações ao nível da
linguagem, caso seja necessário.
4. Informações
sobre publicações anteriores (Publication
Background Information): As empresas de meios de divulgação podem ter
filiações políticas, ideológicas e editoriais, o que pode influenciar a escolha
dos textos a traduzir e, consequentemente, o tipo de tradução que o tradutor
deve fazer.
Aplicação
dos parâmetros externos e internos da piada à tradução do poema “Circe”, de
Carol Ann Duffy
Fatores externos:
1. Considerações
de enquadramento temporal: Não é muito relevante. O texto é dos finais do
século XX, logo apresenta um vocabulário corrente, que não apresenta
dificuldades.
2. Considerações
de classe social e educação: O público alvo do texto original é um público
leitor, culto, que conhece a Odisseia
de Homero, uma vez que o poema faz alusão ao episódio de Circe.
3. Decisões de consciência cultural: Na
cultura islâmica a personificação do porco pode ser ofensiva, uma vez que o
porco é considerado, nesta cultura, um animal imundo. O tradutor deverá ter
consciência que em algumas sociedades podem ser encaradas com choque as alusões
sexuais feitas pelo sujeito poético feminino. De referir também que, embora a Odisseia faça parte do cânone da
literatura ocidental, um público asiático, por exemplo, poderá não estar tão
familiarizado com a obra.
4. Informações
de publicações anteriores: Este poema trata do mito de Circe, uma das
personagens da obra Odisseia. Sem o
livro não existiria poema. O poema, “Circe”, foi publicado em 1999 no livro The World’s Wife, a primeira coleção de
poemas temáticos da autora. O livro trata de temas como o sexismo, a igualdade,
o luto e o nascimento (temas como o sexismo e a igualdade costumam ter
implicações sociais e políticas, mas não sei como era na altura da publicação)
Fatores internos:
1. Linguagem:
Existem alguns fatores que podem ser problemáticos aquando da tradução. No
original são utilizados vários vocábulos referentes a porco (tusker, snout,
boar, swine, pigs, hogs), que podem não ter equivalente na língua de chegada.
No que diz respeito a expressões idiomáticas a utilização de “tongue in cheek”
pode levantar dificuldades ao tradutor, uma vez que “cheek” figura duas vezes
no mesmo verso, com significados diferentes. A nível de figuras de estilo, as
aliterações podem revelar-se problemáticas. Em “to lick, to lap, to loosen,
lubricate, to lie”, não só existe aliteração como também uma palavra com duplo
sentido: “lie”
2. Estratégia narrativa: Para além da
sátira identificamos também o género de receita e de poema.
3. Alvo: Neste poema, o alvo, o elemento
ridicularizado é o sexo masculino. O alvo do poema é facilmente transportado
para o português.
4. Situação: A situação descrita é a da
preparação de uma receita de porco, sendo facilmente transportada para uma
língua como o português.
5. Mecanismo lógico: Existe uma incongruência em relação ao que é
descrito no poema (a receita) e às alusões sexuais que são feitas no texto pelo
sujeito poético.
6. Oposição
de guiões: Os dois guiões são, por um lado, a história do mito de Circe – o
facto de Circe ter transformado os companheiros de Ulisses em porcos e, por
outro, a receita que se inicia a meio do poema.
segunda-feira, 20 de abril de 2015
quinta-feira, 16 de abril de 2015
domingo, 12 de abril de 2015
Justificação de opções de tradução - Beyond Lies the Wub - de Cláudia Lopes, Gonçalo e Ilina
Escolhemos
como título “No infinito vive o uoba”, porque a criatura continua a viver, no
corpo de quem a come. Optámos por chamar “uoba” ao “wub”, por ser um termo
difícil de pronunciar e que poderia existir na língua portuguesa.
Para
“face sunk in gloom”, considerámos que a expressão que melhor transmitiria esta
imagem seria “rosto mergulhado em tristeza”. Assim, trata-se de uma mudança de
abstração, porque algo mergulhado não está necessariamente afundado.
Traduzimos
“wordless” por “sem uma palavra”, utilizando a estratégia sintática de mudança
de distribuição, uma vez que não existe em português a correspondência numa só
palavra. Optámos por traduzir “sourly” por “com azedume”, utilizando a
transposição, pois neste caso um substantivo transmite melhor a ideia original
do que um advérbio.
Para
traduzir o neologismo “go-birds”, escolhemos “andaves”, porque “andar” permite
manter parte do sentido de “go” e adicioná-lo a “aves”.
Foi
necessário converter “four hundred pounds” para quilogramas. O valor exato é
181,44 quilogramas, mas tal como em inglês, numa conversa as pessoas fazem uma
estimativa aproximada. Por isso, optámos por colocar “Deve pesar uns cento e
oitenta quilos”.
Na
expressão “It might interest you” optámos por “Para sua informação”, recorrendo
a uma mudança de unidade, pois na língua de chegada a tradução literal causaria
alguma estranheza.
Relativamente
às ocorrências de “said”, que se segue às falas das personagens, recorremos a
outras palavras, como “respondeu”, “perguntou”, “indagou”, a fim de evitar
repetições, porque em português é habitual o narrador utilizar diversas
palavras ao apresentar os diálogos.
Traduzimos
“spooning up the gravy with some bread” por “mergulhando um pedaço de pão no
molho”, realizando assim uma mudança de unidade, porque em português a
expressão traduzida literalmente não seria facilmente compreensível. O mesmo
sucedeu com “He dabbed at his lips with his napkin”, que ficou “Limpou a boca
com um guardanapo”.
Para
traduzir “enjoying himself”, tivemos alguma dificuldade em encontrar uma
expressão equivalente. Tanto “desfrutar de” como “divertir-se” pareciam não
estar de acordo com a situação. Então, escolhemos “estar satisfeito”, efetuando
a modulação de uma ligeira mudança de ênfase.
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