quarta-feira, 29 de abril de 2015

Tradução de Literatura Infantil (por Vânia, Tânia e Sofia)


A tradução de literatura infantil é caracterizada por uma série de particularidades. O texto de Cecilia Alvstad, “Children’s Literature and Translation” (2010), explicita as mais comuns.

A adaptação do contexto cultural
A adaptação do contexto cultural é o termo de Göte Klingberg (1986) para modificações cujo objectivo é ajustar um texto ao quadro de referências do leitor, o que inclui o uso de referências literárias, línguas estrangeiras, contexto histórico, fauna e flora, nomes próprios, pesos, medidas e outos fenómenos específicos da cultura, por exemplo a alimentação que está muitas vezes representada nos contos infantis.
Se um texto infantil não for adaptado pelo tradutor, o texto de chegada torna-se difícil de perceber e menos interessante, uma vez que o contexto cultural do texto de partida e de chegada diferem. Por outro lado, se todos os elementos culturais forem adaptados o leitor não irá perceber a perspectiva multicultural.
As estratégias de tradução que devem ser escolhidas dependem de cada projecto, da situação de tradução e da imagem que o tradutor tem das crianças.
Manipulação ideológica (purificação)
A adaptação também ocorre por razões ideológicas. Esta manipulação ideológica, a que Klingberg chamou “purificação”, diz respeito ao que é adaptado para aderir ao conjunto de valores dos adultos. As manipulações ideológicas podem também ser definidas como formas de censura, uma vez que finais infelizes podem ser transformados em finais felizes. Em alguns contextos políticos, a manipulação de textos traduzidos é levada a cabo sob vigilância do estado.
Elementos estilísticos como o calão e o discurso informal são também manipulados por razões semelhantes. O texto pode ser simplificado de modo a tornar-se mais acessível. Também o estilo pode ser afectado por problemas relacionados com as políticas relativas a línguas e variedades em alguns países,  acabando também por afectar mecanismos literários.
Duplo leitorado
A literatura infantil não é apenas dirigida a crianças, pois são os adultos que as traduzem, publicam, compram e lêem aos filhos. Devido a isto os valores e os gostos dos adultos são tidos em conta na hora da tradução. Este leitorado duplo reflecte-se numa presença textual que é bastante difícil de reproduzir numa tradução. 
A dupla de leitores criança-adulto é provavelmente a única característica exclusiva da literatura infantil, e tem muito em comum com textos bilingues e multilingues para adultos.
Características da oralidade
A literatura infantil é frequentemente escrita para ser lida em voz alta, por isso a melodia, o ritmo, as rimas, coisas sem sentido e jogos de palavras são muito frequentes. Estas características levam muitas vezes o tradutor a ter de escolher entre a melodia e conteúdo e também a escolher entre modelos de rimas e canções conhecidas ou estrangeiras.
Texto e imagem
A coexistência de códigos verbais e visuais na literatura infantil pode funcionar de dois modos: ou se apoiam uma à outra na medida em que contam a mesma história, ou se contradizem ao terem ilustrações que contam outra história ou que contam a mesma história mas de uma perspectiva diferente. As traduções e as imagens têm em comum o facto de estas por vezes tornarem explícito aquilo que no texto de partida é ambíguo. Por vezes alguns textos traduzidos para crianças são publicados com novas ilustrações por uma questão de modernização. Isto pode ser também uma forma de domesticação cultural do texto, uma maneira de evitar que o texto pareça uma tradução.

5 comentários:

  1. Cecilia Alvstad defende que a literatura infantil traduzida deve ser adaptada à cultura de chegada, para que desta forma a criança não sinta o estranhamento que poderia sentir caso o texto contivesse elementos que lhe são desconhecidos. A linguagem e a estrutura frásica podem, também, ser simplificadas para que a criança perceba o texto mais claramente. Este tipo de literatura é dirigida às crianças, mas é frequente que sejam os pais que lhas lêem. Tendo em conta este fator é preciso ter-se atenção à melodia e aos ritmos quando se está a traduzir. Muitos dos livros para crianças são acompanhados por ilustrações, por isso é preciso ter também em conta aquilo que aparece na imagem quando se decide adaptar alguma coisa, pois pode-se correr o risco de haver incoerência entre o que está escrito e as ilustrações. A grande questão aqui é saber até que ponto se deve alterar o texto original. Na minha opinião, a adaptação faz sentido se a mensagem do original continuar a ser a mesma no texto de partida. Por exemplo, as fábulas têm um carácter educativo, apresentando sempre a moral da história no fim. Se se vai adaptar uma fábula para outra língua é necessário ter em conta todos estes elementos para que o sentido retirado pelo leitor do texto de partida seja o mesmo que é retirado pelo do texto de chegada.

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  2. Solange A. Fernandes27 de maio de 2015 às 14:18

    Ao traduzir literatura infantil, o tradutor deve ter em especial atenção o público para que traduz. Uma vez que as crianças não possuem os mesmos conhecimentos e capacidade de compreensão que um adulto, o cuidado a ter na elaboração de uma tradução deve ser redobrado.
    Todo o texto deve ser produzido de forma a que se adapte à cultura da língua de chegada com a qual a criança está familiarizada e deve ser simplificado para que os seus leitores compreendam com clareza.
    No entanto, enquanto tradutores, não podemos esquecer que este género de traduções tem um duplo leitorado: por um lado, as crianças com poucos conhecimentos, por outro, os país das mesmas e o adultos que delas tomam conta e que lhes lêem as histórias traduzidas. Tendo isso em consideração impõe-se a questão: até que ponto deveremos simplificar o texto?
    É através dos livros que as crianças têm contacto com novos conhecimentos, mas se o texto estiver de tal modo simplificado será que irá dar um grande contributo à aprendizagem da criança? Na minha opinião, o tradutor de literatura infantil não deve simplificar em demasia o texto uma vez que um texto que cause alguma estranheza ao leitor é algo que vai estimular a curiosidade.
    Mas não é só para o benefício da criança que defendo que sejam preservados alguns elementos que causem estranheza na tradução. O leitor adulto deve também considerar que a tradução o enriquece de algum modo.
    E enquanto leitora considero que o momento da leitura dever ser uma fonte de divertimento tanto para miúdos e graúdos, instigando a curiosidade de ambos e um enriquecimento pessoal.

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  3. A tradução de literatura infantil é um tipo de tradução sobre o qual o tradutor deve ter especial atenção, pois para além de serem textos com características muito próprias, o tradutor deve também ter em conta durante a tradução a questão da cultura da língua de chegada. O tradutor tem de ser capaz de manter o sentido do original, principalmente porque os contos infantis e fábulas que são lidas às crianças possuem frequentemente caráter moral e pretendem ensinar-lhes algo. Ao traduzir para outra língua tem de ser capaz de adaptar estes contos à cultura dessa mesma língua de forma a não causar estranheza às crianças que podem não estar familiarizadas com uma realidade cultural diferente da sua. Por exemplo uma música ou rima infantil que seja muito própria da língua de partida não pode simplesmente ser traduzida literalmente, mas deve sim ser adaptada para uma outra, típica da língua de chegada. Outras das propriedades do texto infantil é o facto de ser um tipo de texto que muitas vezes tem dois participantes simultâneos na sua leitura, o adulto que lê para a criança e a criança que o ouve. Deste modo há um certo cuidado nos textos para que não só sejam de fácil compreensão á criança mas também dirigidos de certa forma para os pais que compram os livros. Penso que pode ser dito por estas razões que os textos de literatura infantil são um dos tipos de texto que mais desafios apresentam a um tradutor, pois têm características importantes a ter em conta e as escolhas tem de ser feitas com um público-alvo bastante especifico em mente. O tradutor não pode esquecer o aspeto lúdico e educativo, sendo capaz de fazer uma adaptação correta do texto de partida.


    Ana Rita Oliveira

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  4. Toda criança deve ter seu direito a igualdade, seja ela classe social diferente, religião, nacionalidade ou sua cor de pele todos devem ser respeitados e tratados com igualdade. Sendo assim, teremos um mundo melhor e respeitado.

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