quarta-feira, 29 de abril de 2015

Leitura do conto "Circe's Palace" à luz das recomendações para tradução de literatura infantil (por Vânia, Tânia, Sofia)


Nathaniel Hawthrone foi um escritor norte-americano que escreveu vários livros para crianças, um deles Tanglewood Tales (1853) onde se encontra a história de “Circe’s Palace” sobre a qual o nosso trabalho irá incidir.
Depois de termos lido o texto “Children’s literature and translation” de Cecilia Alvstad e o conto “Circe´s Palace” verificamos que este difere muito quando comparado com os outros textos sobre Circe com que tivemos contacto em aula. Isto, não só por se tratar de um conto para crianças, mas também pela introdução de novos elementos, animais e personagens por parte do autor. Assim, este fez uma adaptação da história e passou-a para um conto infantil. Apesar de ser um conto para crianças o autor teve o cuidado de manter referências culturais importantes, tais como os nomes das personagens, os nomes das terras por onde navegaram e os nomes de povos que tiveram contacto, por exemplo: “King Ulysses”, “Troy”, “Ithaca” “King Aeolus”, “Laestrygonia”, “Cyclops”, “Eurylochus” e “Circe”. Ao longo do conto, o autor insiste muito no estatuto de rei de Ulisses porque nas histórias infantis príncipes, princesas e reis são muito comuns.
Verifica-se, também, neste conto alguma manipulação, ou seja, tem um vocabulário mais informal para ser entendido pelas crianças, para além de recorrer a eufemismos e à censura de algumas situações. É de notar que certas partes não correspondem bem à história original devido ao seu carácter sensual e por isso mesmo o autor teve que as reescrever de uma forma menos ofensiva para que se adequassem ao público infantil.
Apesar de este conto ser dirigido a crianças, os adultos também o vão entender, pelo facto de ser uma história que pertence ao conhecimento geral de qualquer adulto. Assim,  quando o tradutor traduzir a história tem que ter em consideração que não está só a traduzir para crianças, que não conhecem a história, mas para adultos que a conhecem.
É de notar também que o texto contém variadas palavras, que podem ser um pouco complicadas para as crianças entenderem. Exemplos dessas palavras são: “nimbly”, “bethought”, “kindling”, “summoned”, “inhospitable” e “melancholy”; no entanto, estas palavras vão ajudar ao enriquecimento do vocabulário das crianças, uma vez que os pais lhes podem fornecer o significado mais simples dessas mesmas palavras. 
O facto do lar de Circe ser descrito como um majestoso palácio mostra uma adaptação do conto por parte do autor; o edifício em que vive Circe está normalmente sujeito a interpretação.
Este texto, no que toca a ilustrações, possui só uma em cada história o que contrasta com as histórias actuais que possuem muitas imagens. Quando, na história, Ulisses encontra um pássaro que o impede de avançar no terreno, uma imagem deste pássaro seria uma boa adição, uma vez que tornaria mais explicito a detalhada descrição deste. 
No texto de Hawthrone existe uma insistência na descrição dos marinheiros como glutões (“Ah the gluttons and gormandizers!”p73, l.30) Há ainda várias referências ao animal em que estes são mais tarde transformados (é mencionada a preferência pelo porco como refeição – quando os marinheiros se aproximam da torre de Circe chega-lhes o cheiro de porco assado. Quicksilver (o seu nome é em grego Hermes que se chama Mercúrio para os romanos, daí a tradução de Hawthrone para Quicksilver) diz inclusivamente a Ulisses que se este não fosse bem sucedido seria transformado numa raposa devido à sua sagacidade (“It will require all your wisdom (...) to keep your royal and sagacious self from being transformed into a fox.”, p76, l.28).
O pássaro, uma das vítimas de Circe, é introduzido na história como uma forma de avisar o herói do perigo presente, servindo portanto como mais um elemento de presságio.
Um dos marinheiros é descrito como sendo particularmente brutal (“more brutal than his fellows”, p70, l.6), e mostra-se cruel para com o pássaro que lhes aparece com o intuito de os ajudar.
A introdução de ninfas parece ser mais uma liberdade tomada pelo escritor. A temática do cair na tentação devido aos pontos fracos do espírito é reforçada com a presença destas criaturas.
Ulisses mostra desprezo pela natureza dos seus companheiros quando se depara com eles transformados em porcos, mas uma vez que o herói é uma personificação da honra e da justiça na história de Hawthrone, acaba por transformá-los outra vez em humanos. É-lhes dado o aviso de que só com uma mudança do seu comportamento seriam capazes de deixar de grunhir e de agir por vezes como verdadeiros porcos (“It must depend on your own future behaviour, (...) whether you do not find your way back to the sty.”, p79, l.43).
O pássaro, outrora um rei, ganha a sua forma original no final da história, mas os outros animais selvagens encontrados no palácio de Circe permanecem transformados devido ao facto de terem sido criminosos cruéis como humanos.

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