Transposição
É uma modalidade especial de tradução que consiste
na transposição ou transferência do texto dramático para o palco (terminologia
proposta por Outrun Zuber-Skerrit, 1983).
Esta transposição dramática é uma forma
especializada de tradução, única para o palco e diferente de traduzir poemas ou
narrativas. Uma peça é escrita para ser representada e tem que ser
“representável” e “dizível”.
·
Dizibilidade: na transposição, há que garantir que os sujeitos não estão
distantes dos verbos, atender a palavras difíceis de pronunciar (procurar
evitá-las), ter em atenção a fluência e as pausas para a respiração.
O sentido de uma peça pode ser distorcido e mal
interpretado se o tradutor falhar ao transpor apropriadamente toda a rede de
signos simbólicos para a cultura de chegada:
·
Visuais;
·
Acústicos;
·
Linguísticos;
·
Gestuais;
·
Código de símbolos.
O tradutor tem que decidir se os signos visuais e
acústicos podem ser mantidos como estão no texto de partida, e, se eles
estiverem ligados aos signos linguísticos, se o significado das palavras e
frases contém a mesma ambiguidade do texto de partida ou se requer substituição
por um signo diferente que signifique o mesmo.
O tradutor pode, também, optar por produzir uma
edição de leitura na língua de chegada com notas de compreensão a explicar o
significado e a ambiguidade de signos verbais e não-verbais no original,
deixando a tarefa difícil da transposição dos signos alusivos para o encenador,
actores e espectadores da peça.
Link (1980)
Foi o primeiro a fazer uma sistematização da
interdependência da tradução, adaptação, e interpretação de textos dramáticos,
de forma a demonstrar a complexidade do teatro e a necessidade de cooperação
entre o dramaturgo, o tradutor, o conselheiro de teatro, o produtor e actores
(Link, Franz, H. (1980) ‘Translation, Adaptation and Interpretation of Dramatic
Texts’).
Processo
de tradução
Rose (1981) elabora um esquema de seis
passos, útil não só para a tradução de peças como de qualquer texto:
1ºpasso: Análise
preliminar do texto a fim de decidir se o texto é
passível de tradução ou não.
2ºpasso: Estilo exaustivo
e análise de conteúdo, para estabelecer o
que torna um texto literário e quais os aspetos literários a manter.
3ºpasso: Aclimatização do
texto, ou seja, pensar como o texto fica na tradução;
passo em que se pensa melhor nas estratégias (ou normas iniciais e matriciais)
para traduzir.
4ºpasso:reformulação do texto e
verbalização na língua alvo, por vezes modificando algumas partes do texto.
5ºpasso: Análise da
tradução e revisão da tradução pelo próprio
tradutor.
6ºpasso: Revisão e
comparação do texto por outra pessoa, familiar e capaz
de ver se as escolhas feitas são as mais acertadas.
Na transposição,
uma segunda fase começa com o passo
7, um processo que consiste em traduzir peças para o palco, produzindo um texto
de representação.
A tradução, desde o papel para o palco:
1.
Seguir o guião ou texto dramático;
2.
Seguir o guião, mas o tradutor tem a liberdade de
mudar algumas coisas;
3.
Não seguir o guião;
4.
Combinar a 3ªopção com a primeira ou a segunda;
Gostand (1980) descreve os
aspectos importantes para a tradução, sendo que todos são potencialmente
aplicáveis à transposição:
-de uma língua para
outra (dificuldades do idioma, etc.)
-de uma cultura
para outra (costumes, premissas, atitudes)
-de uma época para
outra
-de um estilo
dramático para outro (realismo para expressionismo)
-de um género para
outro (tragédia para comédia ou farsa)
-de um meio de
comunicação para outro (peça de teatro para radio, TV, filme)
-quando passa de
uma obra de teatro para um musical
-página impressa
para palco
-emoção/ideia para
um “acontecimento”
-de uma
apresentação verbal para não-verbal
-de um grupo de actividade para outro (profissional,amador)
-de um público para
outro
(musical da Odisseia, prod. italiana, 2008)
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