quarta-feira, 9 de março de 2016

T. P. C. - 15 de Março

Estudar texto de Antoine Berman, "Tradução da Letra Tradução do Sentido" (1997; antologia, pp. 76-81); procurar resumir para os vossos apontamentos as "tendências deformantes" em tradução literária; identificar, como comentário a este post, algumas em que vocês próprios incorreram no exercício diagnóstico.

5 comentários:

  1. Antoine Berman afirma, na sua obra “Translation and the trials of the foreign”, que é na tradução que se ganha a consciência da diferença entre as várias línguas/culturas. Consequentemente, este declara que a tradução é o meio que nos permite julgar, num duplo sentido, aquilo que é estrangeiro. Isto pelo facto de, em primeiro lugar, a tradução estabelecer uma ligação entre o que é próprio e o que é estrangeiro com o objetivo de importar o trabalho estrangeiro para nós graças à sua sensação de estranheza. Em segundo, pelo facto de a tradução ser um meio que nos permite avaliar também o estrangeiro já que o trabalho importando provém da sua língua raiz, transmitindo, por isso, vários aspetos que a caracterizam. Citando HÖderlin: “It is quite necessary to admit that two kinds of translation exist; […] In one, something […] must remain identical, and it is given passage into another language; […] And then there are translations that hurl one language against the other […] taking the original texto for a projectile and tretating the translating language like a target.” (Focault, 1964: 21) Assim sendo, Berman questiona-se se esta poderá ser a grande distinção que divide todo o campo da tradução, separando as tão chamadas traduções “literárias” (no sentido mais lato) das traduções “não-literárias” (técnicas, científicas, publicitárias, entre outras).

    Em termos de levantamento de tendências deformantes que ocorreram no exercício diagnóstico destacam-se (para além de problemas lexicais, semânticos, invenção de palavras e erros ortográficos):

    - Clarificação (“Where the original has no problem moving in the indefinite, our literary language tends to impose the definite”)

     pelo facto de adicionar informação que não consta no texto de partida;

    - Enobrecimento (ou seja, tornar o texto literário ainda mais literário do que aquilo que já é, e, consequentemente, embelezar mais o texto)

     problemas de aplicação no tempo verbal (uso do indicativo em vez da passiva: “é na maioria das vezes reduzido” em vez de “reduz-se na maioria das vezes”).

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Após ter lido o texto da antologia de Antoine Berman, Tradução da Letra Tradução do Sentido, e de me ter familiarizado com as tendências deformantes que o autor propõe ao longo do mesmo e que podem ocorrer numa tradução, apercebi-me de que havia incorrido nalguns desses ditos princípios aquando do exercício diagnóstico, ao traduzir o texto de Susan Sontag,The World as India.

    Na minhatradução deste mesmo texto, existe a tendência do alongamento, que tal como o autor menciona, é algo que ocorre várias vezes num exercício de tradução, é até inerente ao mesmo. Ao traduzir tive, em diversas frases, uma certa necessidade de acrescentar mais palavras à tradução do que aquelas que estavam presentes no original, umas vezes de forma a completar o significado de determinada expressão na língua de chegada, outras devido ao (mau) hábito de me apropriar em demasia de um texto; o que me levou a incorrer noutra tendência que é a do embelezamento da tradução relativamente ao original. Tal aconteceu ao traduzir o segmento: “There is the mandate, with a work regarded as essential, (…)”, uma vez que o traduzi da seguinte forma: “Existe a necessidade, relativamente a um trabalho considerado essencial, (…)”.

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  4. Ao reler a minha tradução e estando também consciente da forma como realizo as minhas traduções sei que incorri a determinadas tendências deformantes como o enobrecimento e a destruição de sistematismos. Penso que as duas tendências estão altamente relacionadas na medida em que o enobrecimento se pode também traduzir no uso de palavras mais formais e alterações das construções frásicas. Na tradução que fiz incorri várias vezes ao uso de palavras e expressões ligeiramente mais “elegantes” como “audiência” e “ dá início”, por pensar que seriam palavras ou expressões mais adequados ao discurso escrito.

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  5. Após a análise e resumo das tendências deformantes, deparei-me com vários erros nas traduções sugeridas. A primeira surgiu na lenda do Minotauro. Numa tentativa de recriar um tom épico, traduzi em primeiro lugar "the white sail" por "a vela nívea" sendo isto um enobrecimento (a quarta tendência deformante) pois, como conclui, o texto não foi escrito com o propósito de criação de um tom épico igual ao original. Outro erro que identifiquei foi um empobrecimento qualitativo, ou seja, no poema de Landeg White traduzi "colmo apodrecido" retirando a beleza do som "R" do original. Por último, também no poema de Landeg White, traduzi "unchauffered" por "sem motorista" tratando-se da décima tendência deformante: A destruição da rede vernácula da fala. Isto, porque retirei a palavra vernácula tanto em português como em inglês de forma a evitar estranheza.

    Alexandra Ouro Rodrigues nº50648

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